"Teje solto"

Justiça manda soltar o delegado Rubens Recalcatti

“Estou livre. Essa prisão foi uma arbitrariedade”. Essas foram as primeiras palavras do delegado Rubens Recalcatti, depois de seis dias preso, suspeito de envolvimento na execução de Ricardo Geffer, apontado como autor da morte do ex-prefeito de Rio Branco do Sul. No fim da tarde de segunda-feira (19), a Justiça expediu liminar ao habeas corpus solicitado pela defesa do policial.

O documento, expedido juiz Benjamim Acácio de Moura e Costa, determinou que Recalcatti fosse colocado imediatamente em liberdade, visto que a investigação comandada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) “está avançada, sem nenhuma interferência externa atual ou futura atribuída ao delegado”. Relata ainda que a prisão tem “foco exclusivo na desmoralização de uma figura relevante da segurança pública paranaense”.
Recalcatti e mais sete policiais civis foram presos após uma denúncia de que Ricardo Geffer, suspeito de ser o autor da morte de João Dirceu Nazzari, ex-prefeito de Rio Branco do Sul, primo do delegado, em abril deste ano, foi executado em uma suposta operação da Polícia Civil em uma chácara do município, em agosto.

O advogado de defesa, Cláudio Dalledone Júnior, afirmou que o feito do juiz foi algo inédito, ao cassar uma prisão temporária por uma liminar. “A liberdade dele é justiça, não há nenhum embasamento para a prisão, essa investigação já nasceu morta”, disse. Afirmou também que o laudo de exumação do corpo do suspeito contesta o laudo inicial que, segundo o Gaeco, apontava características de execução. Ele reforça que o que aconteceu de fato foi uma operação policial com confronto armado, com a morte de Geffer, no hospital, uma vez que foi socorrido pelos policiais ainda com vida.

Visivelmente abalado, Recalcatti concedeu entrevista coletiva na Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) e agradeceu o clamor da classe policial e da população em apoio a ele e os policiais presos. “Não fizemos nenhuma atitude fora do padrão, não cometemos crime nenhum. Eu estava preso indevidamente. Minha família teve que presenciar a invasão na minha casa, arbitrária e abusiva”.

O delegado de acordo com o documento expedido pelo juiz irá pedir afastamento temporário da função pública, por conta de estar em tratamento de saúde e também para evidenciar o seu desinteresse em atrapalhar as investigações. A Justiça fez o seu papel. “Vamos provar nossa inocência, e mostrar que policia é polícia e bandido é bandido”.

Quanto aos sete policiais presos, Dalledone afirmou que coordena junto com outros advogados a defesa deles e irá solicitar habeas corpus nos próximos dias. O presidente da Adepol confirmou que na quarta-feira (21), haverá uma manifestação da Polícia Civil como ato simbólico em defesa da classe policial, às 10h, em frente à Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. Neste dia, apenas prisões em flagrante irão ter atendimento. Demais serviços estarão paralisados.

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