Crime na jogada

Delegado Rubens Recalcatti é preso em operação do Gaeco

O delegado Rubens Recalcatti, titular da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), que compõe três delegacias de Curitiba, foi preso na manhã desta terça-feira (13) com mais oito policiais civis.

Todos são investigados pela morte de Ricardo Geffer, um dos suspeitos da morte de João Dirceu Nazzari, ex-prefeito de Rio Branco do Sul e primo do delegado, durante uma partida de futebol em abril deste ano.

Os mandados de prisão, em caráter temporário, foram cumpridos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que deflagrou a “Operação Aquiles”. A ação do Gaeco começou há cerca de um mês, a partir de denúncias.

Segundo Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, após a morte do ex-prefeito e do amigo dele, José Antenogenes Faria, conhecido como “Zé Keti”, os policiais, de delegacias comandadas por Recalcatti, teriam criado uma operação para investigar o tráfico de drogas em Rio Branco do Sul.

“Eles foram até uma região afastada da cidade, no Açungui, onde encontraram o suspeito. O homem teria se entregado após uma fuga. Os envolvidos teriam então o algemado e o executado”.

As informações recebidas pelo Gaeco vieram a partir de denúncias feitas por familiares de Ricardo e também de denúncias anônimas. “Os familiares estavam na cena do crime e teriam presenciado tudo”, diz Leonir.

Ao contrário do que diz o Gaeco, os policiais envolvidos na operação e a própria defesa de Recalcatti afirmam que o suspeito morreu após um confronto. “Dentro da atribuição legal de delegado, ele foi junto com a equipe cumprir mandado de prisão contra o rapaz. Ele reagiu, houve confronto e ele acabou morto em confronto”, explica o advogado Claudio Dalledone Junior.

Junto com Recalcatti foram expedidos mandados de prisão contra os policiais Mauro Sidnei do Rosário, Edenir Canton, Helder Soares Padilha, Newton Portela Franco, Paulo Sérgio Morais Klippel, Jucemar da Silva Neco, Cleyton Roberto Mueller e Marshel Humberto Siqueira Silva.

Na manhã desta quarta-feira (14) um grupo fez um protesto contra a prisão do delegado!

Arma

O Gaeco, além dos mandados de prisão, cumpriu mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva. De acordo com Leonir Batisti, alguns objetos foram apreendidos e, na casa de Recalcatti, teria sido encontrada uma arma que não lhe pertencia. “Um revólver calibre 38 que não tinha registro e, por isso, foi feito um flagrante”.

O advogado de Recalcatti afirma que o revólver estava registrado, mas em nome de outra pessoa. “Para o flagrante da arma, que era um revólver antigo e que apenas não estava em nome dele, mas na casa dele, foi arbitrado fiança. O valor já foi pago”, explica.

Investigação continua

O Gaeco, neste primeiro momento das investigações, não fala sobre as provas do trabalho, apenas sobre os elementos suficientes que foram obtidos para ir contra a versão policial. “O mais importante são os testemunhos, fizemos inclusive reconstituição do crime”, diz Leonir Batisti.

O rapaz, que segundo as testemunhas ouvidas pelo Gaeco, estava algemado quando foi morto, foi enterrado. O corpo foi exumado e deve passar por novas perícias. A princípio, o Gaeco afirma ter a indicação de que ele foi executado.

“Também não podemos afirmar a participação de cada um dos envolvidos, apenas sobre o conjunto dos policiais que participaram da ação”. A prisão dos policiais civis tem prazo de 30 dias, com a possibilidade de que seja prorrogada para mais 30.<,/p>

O Departamento da Polícia Civil, através da assessoria de imprensa, informou que a Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPC), já vinha investigando o crime através de procedimento interno e que uma testemunha já teria sido convocada para depor, mas não compareceu.

A Polícia Civil disse que vai acompanhar a conclusão da operação do Gaeco e está à disposição do Ministério Público do Paraná para colaborar com o que for necessário para o esclarecimento dos fatos.

A defesa de Recalcatti enxerga a prisão como uma inversão de valores dentro da segurança publica do estado do Paraná e deve entrar com pedido de habeas corpus. “É inaceitável que uma família de marginais coloque um destacado delegado de polícia atrás das grades”, diz Claudio Dalledone Jr.

De acordo com Dalledone, o pedido de prisão sequer precisava existir. “Bastava que a promotoria pedisse para que ele fosse prestar esclarecimentos. Mas preferiram prender para investigar, o que vai totalmente ao contrário da lógica, que é de primeiro investigar, depois processar alguém e então chegar à prisão”.

Histórico

O delegado Rubens Recalcatti está na Polícia Civil há 36 anos. Além de todo o trabalho feito na corporação, ele passou pelo comando de importantes delegacias especializadas como a extinta Delegacia de Homicídios. 

Atualmente, comandava a DCCP que compõe a Delegacia de Furtos e Roubos, a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos e a Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas. Há pelo menos três meses, Recalcatti descobriu diagnóstico de leucemia. Ele chegou a ficar um período em tratamento e continua sob cuidados médicos por causa da doença.

Na manhã desta quarta-feira (14) um grupo fez um protesto contra a prisão do delegado!

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