Sem busão

Futuro do transporte coletivo será decidido nesta quinta

O “dia D” do transporte coletivo na Grande Curitiba será nesta quinta-feira (19) quando a Coordenação da Região Metropolitana (Comec), responsável pelas linhas de ônibus intermunicipais, a Urbanização de Curitiba (Urbs), autarquia que gerencia o transporte urbano da capital, o Sindicato das Empresas (Setransp) e o Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) se reunirão no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR) para definir os novos rumos do setor.

Na última audiência, dia 13 fevereiro, a desembargadora Ana Carolina Zaina estipulou uma multa de R$ 1 milhão por dia, caso a Comec não faça o repasse necessário para o pagamento do adiantamento salarial de motoristas e cobradores, que deve ser depositado na próxima sexta-feira (20). No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa do órgão, o sistema de trabalho é diferente, portanto, o dinheiro da bilhetagem é direcionado automaticamente para as empresas, dispensando qualquer rateio.

Para o Sindimoc, no entanto, isso não é garantia de que o dinheiro esteja na conta dos trabalhadores na próxima sexta. Segundo a entidade afirmou que o estado de greve está permanentemente deflagrado e que, se não houver pagamento também não haverá ônibus nas ruas.

“Se o vale não cair, os motoristas e cobradores não irão tolerar”, comentou a assessoria de imprensa do sindicato. Ainda não há uma definição se a paralisação será total ou parcial.

A culpa é de quem?

O problema do não pagamento dos trabalhadores estaria na falta do repasse por parte do poder público. A Urbs deverá apresentar no encontro desta quinta os números referentes ao repasse da tarifa técnica para as empresas, que atualmente está R$ 3,18. Na planilha divulgada pela autarquia, o impacto dos salários de motoristas e cobradores corresponde a R$ 0,80 do custo operacional. Se contabilizados os encargos sociais e a folha de pagamento administrativa, o percentual de participação dos salários na formação do preço da passagem sobe para 48,20%.

Um relatório semelhante deverá ser apresentado pela Comec, mas seus números ainda não estão definidos. Por determinação da desembargadora, o Setransp deverá apontar os contratos de concessão da Rede Integrada de Transporte (RIT) e também das não integradas.

Durante audiência do 13 foi determinado que, caso as empresas urbanas não cumpram com as obrigações salariais, elas poderão sofrer consequências previstas nas Leis de Falência.

Negociação salarial

Durante a reunião desta quinta-feira, o Sindimoc espera receber a proposta patronal para os novos salários e benefícios. Segundo o vice-presidente da entidade, Dino Mattos, a pauta conta também com pedidos referentes às condições de trabalho dentro das estações-tubo e a criação de um seguro contra acidentes.

“Queremos recomposição salarial da inflação e mais 6%, além de aumento no vale alimentação de forma que acompanhe a defasagem”, comentou Dino, que o sindicato pretende criar uma multa para o caso do atraso nos pagamentos. “Esse dinheiro [da multa] será revertido para os motoristas e cobradores.”

Desintegração

Desde o último dia 14, quatro linhas de ligeirinhos passaram por mudanças que comprometeram a integração do transporte coletivo. A decisão da Comec reduziu o trajeto dos ônibus Barreirinha/São José, Colombo/CIC, Araucária/Curitiba e Campo Largo/Curitiba, fazendo com que os passageiros desembarquem no primeiro ponto de integração.

Um e,xemplo prático está na linha que saía de São José dos Pinhais. O ligeirinho deixava o município metropolitano passando pelos terminais Boqueirão, Carmo, Hauer, e Guadalupe percorrendo um trecho na região central e, posteriormente, outros terminais antes de chegar ao Barreirinha. No atual sistema a linha foi reduzida e termina no Boqueirão. A situação não é diferente com as outras três cidades da região metropolitana.

A nutricionista Andrea Oliveira afirma que a ‘integração’ como está é um desserviço à população. “Quem mora em Araucária só tem a opção da linha Curitiba/Araucária amarela, que não passa em nenhum terminal, ou tem que ir para o Capão Raso e fazer baldeação”, desabafou, lembrando que não havia nenhum fiscal para explicar as mudanças para os passageiros.