Pavor

Funcionários de rede de farmácias estão aterrorizados com assaltos

Já pensou em trabalhar com medo de ser vítima de assalto? Pois é assim que funcionários de uma rede de farmácias de Curitiba têm sentido diariamente. Em menos de dois meses, mais de 30 assaltos aconteceram em diferentes bairros onde as mais de 30 farmácias estão espalhadas por Curitiba e Região Metropolitana. Os bandidos agem sempre da mesma forma, vestem as mesmas roupas e usam a mesma mochila para carregar o dinheiro.

A denúncia foi passada, com exclusividade, para a Tribuna do Paraná nesta semana, depois que o bando assaltou, mais uma vez, uma das farmácias da rede que fica na Rua Marechal Deodoro, centro de Curitiba. O roubo foi na segunda-feira (06) e o bandido, que ficou cerca de 5 minutos dentro da loja, fez a limpa no cofre do local.

O rapaz que esteve nessa semana na farmácia é o mesmo que assaltou lá e outras farmácias da rede várias outras vezes. Ele só não contava que seria flagrado, como em todas as outras ações, pelas câmeras de segurança do local, que registraram toda a ação. E que alguém resolveria denunciar.

Nas imagens é possível ver o bandido entrar e ir direto ao cofre da farmácia, na parte interna da loja. Lá ele obriga uma funcionária a colocar tudo que está dentro do cofre na mochila e até coloca o segurança para dentro de uma sala e o alerta para que não saia.

Logo que esvazia todos os recipientes, que chegam a acumular em uma caixa, o rapaz dá tchau e, acompanhado de outro bandido, vai embora da farmácia como se nada tivesse acontecido.

Depois do assalto de segunda-feira, os bandidos visitaram outras duas farmácias, uma na Rua José Loureiro e outra na Rua Riachuelo, na quarta-feira (08). Eles utilizam sempre uma moto Honda Titan preta ou um Renault Clio verde para a fuga.

Ação

Os assaltos rotineiros começaram a acontecer em novembro do ano passado, na mesma loja do Centro. Depois, os bandidos começaram a fazer a limpa em várias outras lojas da rede. Das 35 farmácias espalhadas por Curitiba e Região Metropolitana, apenas 4 ainda não receberam a visita dos assaltantes.

Com o tempo, os bandidos ficaram ainda mais audaciosos e não se preocupam com os clientes. Em algumas ações, rendem o vigilante que fica na entrada da farmácia, mas na maioria das vezes a presença do homem ali não os impede de nada.

“Tivemos um sábado em que foram registrados quatro assaltos em questão de uma hora. Eles passaram pela farmácia que fica no Novo Mundo, a da Marechal Deodoro, a da Ébano Pereira e fizeram a limpa na da Desembargador Westphalen”, disse uma funcionária.

Os bandidos, que os funcionários acreditam fazer parte de uma mesma quadrilha, não mudam a forma de agir, são educados e nem sequer roubam o dinheiro dos caixas. “Chegam e vão direto ao local onde fica o cofre. Na saída, dão tchau, dizem bom dia e até nos desejam um bom trabalho”, contou.

O medo é ainda maior, quando os funcionários saem do trabalho. “Já os conhecemos e o pior é que os encontramos na rua. E se a gente reage dentro da farmácia e lá fora ele nos reconhece e faz alguma coisa? Não podemos fazer nada e estamos, literalmente, reféns da vontade deles”, falou outra funcionária.

Além de saberem exatamente como são os bandidos, que assaltam sempre sem esconder o rosto, os funcionários também começaram a perceber que eles têm em comum outra coisa: a roupa.

“E a mochila. Foi quando vimos pelas imagens das câmeras de segurança que eles usam sempre a mesma mochila, cinza com listras brancas, que reparamos que eles trocam de roupa entre eles. Num dia um deles vem com uma blusa vermelha e o outro com uma blusa preta. Na outra semana, outro bandido vem com essa mesma blusa vermelha”, disse.

Os bandidos já foram até apelidados por alguns funcionários, para saber “quem é quem”, que se dividem em dois grupos diferentes: “Tem o ‘Peruano’ e o ‘Barbicha’, que fazem parte de uma gangue. E o ‘Negão’, que sempr,e rouba sozinho e não chega a entrar na parte do cofre da loja, pega apenas o dinheiro dos caixas”.

Fora do controle

De acordo com funcionários, que pediram para não serem identificados por medo de represália, os responsáveis pela rede de farmácia já entregaram um verdadeiro book digital com fotos e vídeos dos bandidos para os policiais da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) e até agora apenas dois, que faziam parte de um terceiro bando, foram detidos. Um deles era adolescente.

Na farmácia da Rua Marechal Deodoro, mais de 10 assaltos aconteceram em três meses e a situação, segundo os próprios funcionários, está fugindo do controle deles próprios, que já não sabem mais como lidar com a ação dos bandidos.

Os assaltos têm se tornado tão frequentes, que algumas funcionárias já gritam e discutem com os bandidos. “Eu fico nervosa e temo que daqui a pouco, cansada de saber que a polícia não faz nada, vou começar a reagir”, desabafou uma das funcionárias.

Os representantes da rede de farmácias, cansados com o desfalque causado pelo número de roubos, divulgaram as imagens das câmeras de segurança para facilitar o trabalho da polícia. Denúncias sobre os suspeitos podem ser passadas diretamente aos policiais da DFR, pelo 3218-6100.