Abatida no cárcere

Trafigata dentista troca o sorriso irônico por um amarelo

O sorriso irônico e o ar de deboche que a dentista suspeita de tráfico de drogas exibiu quando foi apresentada à imprensa, na quarta-feira, nada tinham a ver com a feição dela no Centro de Triagem da Polícia Civil, ontem à tarde. Marina Stresser de Oliveira, 26 anos, despertou a atenção nacional por ser bela e perigosa, mas os primeiros dias na prisão deixaram-na visivelmente abatida.

Durante a tarde de ontem, Marina recebeu a visita de uma mulher que disse ser conhecida do marido da detida, mas preferiu não se identificar. A mulher contou que Marina está se sentindo mal. “Ela disse que os policiais fizeram de tudo para que chorasse na apresentação, mas ela fez questão de ficar firme, para não dar esse gostinho a eles”, contou.

A dentista divide a cela com cinco detentas e, segundo informações da polícia, não teve problemas com as colegas por enquanto. O marido dela não teve o nome divulgado e está preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais. Ele foi detido em operação da Polícia Federal, transportando 6,5 quilos de crack, há um ano e meio e estaria prestes a ser solto. Segundo a conhecida dele, Marina o visitava com frequência na cadeia.

Sobre as drogas e armas no consultório e em duas casas de Marina, a mulher disse que, segundo a dentista, tudo pertencia a Ronaldo de Souza Araújo, 25, o “Roni”, detido em flagrante quando entregava à dentista uma espingarda calibre 12 e uma pistola 9 milímetros. Roni trabalharia para o marido de Marina, mas segundo a visitante, depois de preso pela PF não estaria mais lidando com entorpecentes há tempos.

Vizinhos do consultório em que Marina atendia, no Xaxim, ficaram chocados ao saber dos “negócios” paralelos da dentista. “Era uma pessoa livre de qualquer suspeita. Simpática, educada, tinha muitos pacientes”, contou uma comerciante da região. Ela informou que, na quarta-feira, mães com crianças atendidas por Marina foram procurá-la e ficaram surpresas ao saber da prisão.

Outra trabalhadora do bairro relatou que Marina participava de uma organização não-governamental (ONG) de proteção de animais. “Disse que havia uns cachorros abandonados perto da minha casa e ela ficou de dar um jeito”, comentou.

Prisão

De acordo com a delegada Camila Cecconello, da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), Marina será autuada por tráfico de drogas e porte ilegal de armas de uso restrito. A pena pode chegar a 21 anos de prisão. A possibilidade de associação entre o tráfico do marido de Marina e o esquema distribuição de drogas para traficantes de Curitiba e região, que ela é suspeita de chefiar, está sendo investigada pela polícia.