Independente da profissão, o mercado de trabalho hoje é altamente competitivo. Para estar em destaque, os profissionais têm buscado cada vez mais o aprimoramento de suas competências com cursos, estudos e experiências práticas. Apesar de tantos esforços, estas pessoas muitas vezes ainda precisam enfrentar um dos maiores inimigos do bom desempenho e da produtividade: elas mesmas, que involuntariamente, prejudicam suas carreiras por meio de comportamentos de autossabotagem.
Não se sair bem ou não apresentar bons resultados é algo indesejado pelos profissionais, ninguém quer passar por isto no trabalho. Mas, então, como a autossabotagem atua? De acordo com a psicóloga Denise Lima, a autossabotagem está normalmente associada aos esquemas ou padrões que criamos a partir das nossas experiências de vida. “A autossabotagem acontece por meio de comportamentos automáticos disfuncionais, ou seja, a pessoa não tem consciência deste comportamento”.
Sentimentos como culpa, timidez, preguiça, carência excessiva e falta de confiança são comuns nas pessoas que passam por este problema. São alguns pensamentos, gestos e ações, que, ao longo dos dias, meses e anos, podem ser prejudiciais para o trabalhador. Segundo a psicóloga, quem mais costuma sofrer com a autossabotagem são as pessoas com baixo autoestima, ansiosas ou inseguras. “Sentimentos negativos normalmente estão relacionados a padrões disfuncionais que podem levar à autossabotagem. Ambientes de trabalho onde a pressão é grande também favorecem esse tipo de comportamento”, ressalta.
Denise explica que a autossabotagem pode ter origem em algo que aconteceu no passado do profissional. “Se ele teve uma experiência de trabalho negativa no início da carreira, pode acreditar que não é capaz de executar atividades profissionais com eficiência e eficácia, dando início, assim, aos processos de autossabotagem. Ou então, se a pessoa aceita um projeto profissional, mas, por medo de falhar, deixa tudo para a última hora, ela acaba atrasando o projeto e colocando sua capacidade profissional em xeque”.
Para melhorar a autoestima e outras características frequentes em quem sofre com autossabotagem, é necessário buscar ajuda especializada. Segundo a psicóloga, estas questões podem ser trabalhadas por meio de terapia e autoconhecimento. “Todos nós temos habilidades e pontos que podem ser desenvolvidos. Para acreditar mais no próprio potencial é importante focar nos sucessos, lembrar que você conseguiu realizar coisas boas. Com a terapia, análise racional e outras técnicas, a pessoa é capaz de observar a autossabotagem e reverter este quadro”, garante.
Mudando a forma de agir
Segundo o coach Guilherme Piazzetta, para lidar com a autossabotagem, é preciso mudar a forma de enxergar as adversidades. “Quando eu coloco a culpa em alguém ou em um agente externo (economia, governo, cônjuge, chefe), eu estou dizendo que o problema não está comigo. Se eu admitir que o problema é meu, terei que fazer algo diferente do meu padrão atual de comportamento, e isso dói, me tira da minha zona de segurança e arrisca minha autoestima”, comenta.
De acordo com Piazzetta, um exemplo muito comum no ambiente profissional é quando um colaborador menciona a seguinte frase: “Aqui nesse setor ninguém me entende!”. Ou seja, o profissional acredita que o problema não está com ele. “Então, como seria uma atitude de uma pessoa que não se autossabota nesse exemplo? Ela faria a seguinte pergunta a si mesma: “O que eu preciso fazer para que as pessoas passem a me entender?”. Ela retoma para si a causa do problema, obrigando-se a mudar suas atitudes e comportamentos para obter resultados diferentes, colocando sua autoestima e zona de segurança em risco, mas aumentando sua possiblidade de desenvolvimento pessoal e profissional”.
Para o coach, a forma mais rápida e efetiva de se identificar e neutralizar a autossabotagem, é através de trabalho com um profissional especializado. “O coach é um profissional habilitado e especializado em combater crenças limitantes que originam a autossabotagem, melhorando a performance das pessoas na área pessoal e profissional a curto prazo. As pessoas também podem buscar isso através de leitura específica, que promova aprendizado e autoconhecimento”.