Uma boa hora!

Parto humanizado aproxima ainda mais a mãe do bebê

Antigamente era assim: as mulheres engravidavam e na hora de ter seus bebês recorriam ao auxílio de parteiras ou das mulheres mais experientes da família. Com o passar dos anos, a medicina se tornou mais acessível e as mulheres passaram progressivamente a ter seus filhos em hospitais, cercadas por uma estrutura que envolve cuidados, anestesias, medicamentos e até cirurgias. Mas de alguns anos para cá, é possível perceber que vem crescendo um movimento que defende a humanização dos partos, resgatando a vontade da mãe e a essência do parto como algo fisiológico e natural.

Seja em partos realizados no hospital ou até mesmo naqueles que acontecem na casa da gestante, as formas mais humanizadas vêm ganhando novas adeptas. Entre elas está a jornalista Paula Melech, 31, que há três meses deu a luz à Olívia, uma bebê saudável que nasceu em casa, com o auxílio de enfermeiras e na companhia de seu pai, o fotografo Daniel Caron, de “Velhinho” o cachorro da família.

Seguidora de um estilo de vida mais natural, Paula conta que optou pelo parto em casa por ter aversão aos hospitais. “Não gosto de frequentar hospitais, busco uma vida saudável e queria uma experiência natural para o meu parto. Assim, por indicação de algumas amigas conheci um grupo que trabalha com parto domiciliar planejado. Participei de um encontro e tive a certeza de que isto seria o melhor para mim”, conta.

Fazendo o pré-natal e acompanhada por enfermeiras obstetras, Paula se preparou para o parto em casa, o que aconteceu por volta da 41ª semana de gestação. “Meu parto foi feito em uma piscininha montada na sala. Mas nem por isso corri algum risco. Tudo foi planejado, pensando em meu bem estar e na saúde da minha filha. Fiz todos os exames que garantiam que estávamos saudáveis e tinha um hospital de referência à disposição caso algo acontecesse”, explica a mãe.

Sobre o parto propriamente dito, a jornalista, que não tomou nenhum tipo de anestesia, conta que este foi o momento mais maravilhoso de sua vida. “Comecei a sentir as contrações à noite. Com a ajuda de meu marido passei a contar o tempo entre elas e a verificar a dilatação. À 1h da manhã as enfermeiras obstetras chegaram e por volta das 8h minha filha nasceu. Boa parte deste período, apesar de estar ativa e focada no parto, passei como se estivesse em um estado de meditação muito profundo. Mas assim que Olívia nasceu, no conforto da minha casa, a emoção foi indescritível”, relata.

Felipe Rosa
Mães optam pelo parto humanizado pra ficarem próximas de seus bebês desde o primeiro minuto de vida.

Parto com segurança

Paula contou com o apoio do Grupo Luar, que desenvolve um trabalho especializado em parto domiciliar planejado, realizado por enfermeiras obstetras. “Os casais “grávidos” nos procuram e entre a 36ª a 40ª semana fazemos um acompanhamento da mãe, que também segue com o pré-natal tradicional. Só podem optar por este tipo de parto as gestantes e os bebês de baixo risco (com gestação entre 37 e 42 semanas) e que não apresentem nenhuma complicação de saúde”, esclarece Maria Rita Almeida, uma das enfermeiras obstetras do grupo.

Quando sentem os primeiros sinais do parto, as gestantes comunicam a equipe do grupo, que encaminha enfermeiras para a casa da família. Lá as profissionais monitoram a mãe e o bebê, verificando contrações, dilatação, sinais vitais e dão o apoio necessário para que o bebê nasça em segurança. Maria Rita afirma que neste tipo de parto, o maior beneficiado é o bebê, que se isenta de todas as &ldqu,o;sensações dolorosas sofridas em processos hospitalares”, como o excesso de luz, medicamentos, aspiração da traqueia e o uso de drogas analgésicas pela mãe. “No parto natural em casa ele vem ao mundo protegido e de forma tranquila, ao seu tempo, amparado em período integral por seus pais”, destaca.

Arquivo pessoal
Registro do nascimento de Olivia, com os pais Paula e Daniel.

Hospitais buscam a humanização

Alguns hospitais também investem em formas de parto humanizado. É o caso do Hospital e Maternidade Santa Brígida, que em abril deste ano extinguiu o berçário e adotou o alojamento conjunto, um novo modelo de atendimento às mães e aos recém-nascidos, que passaram a sair juntos do centro cirúrgico para o quarto. No lugar do berçário foram montadas salas de cursos, de apoio ao recém-nascido e de atendimento psicológico para as mães.

A enfermeira Dayanne Vieira, 38, foi uma das primeiras gestantes a passar pela experiência durante o parto da pequena Lorena. “Buscava um hospital que oferecesse o parto normal humanizado. Não me agradava a ideia dela nascer e ir para o berçário sozinha, ficando distante de mim. Visitei várias maternidades e optei por esta”, conta ela que não conseguiu ter parto normal porque sua filha mudou de posição. “Mas minha cesárea foi ótima e meu marido pode nos acompanhar. Foi ele quem ajudou o pediatra nos primeiros cuidados com a Lorena. E uns 30 minutos após o nascimento ela já estava sendo amamentada, ainda na sala de recuperação”, conta.

A médica ginecologista e obstetra, Mariane Corbetta, considera as formas de parto humanizado – seja ele normal ou cirúrgico – benéficas para as mães e os bebês. “O parto humanizado depende do elemento humano envolvido e não do tipo de parto. O que conta é a protagonização da mãe, o respeito às suas vontades e decisões. É um direto da mulher escolher o tipo de parto que quer ter seja ele qual for”, avalia. Entre as vantagens do método estão o estreitamento do vínculo, estimulação de hormônios que contribuem com a descida do leite e também com o desenvolvimento das reações neuropsicológicas da criança.

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