Segurança acirra briga entre Palácio e Prefeitura

O prefeito de Curitiba Cassio Taniguchi (PFL) acusou o governador Roberto Requião (PMDB) de “birra” eleitoral e de romper convênios que permitiam a atuação conjunta da Guarda Municipal e das polícias Militar e Civil em ações de segurança. Segundo Taniguchi, Requião está discriminando Curitiba movido por interesses políticos.

Durante uma entrevista coletiva concedida ontem à tarde, Taniguchi também atacou o deputado estadual Angelo Vanhoni (PT), candidato à prefeitura apoiado por Requião, de prometer na campanha o que já é um projeto da sua administração. Ele se referia à proposta de Vanhoni de integrar a ação da Polícia Militar e da Guarda Municipal.

Taniguchi disse que a parceria já funciona desde 99 e que em 2003, quando Requião tomou posse, os convênios foram sendo interrompidos. Ele disse que está fazendo a crítica ao governo somente agora porque vinha tentando negociar com o governo e em alguns casos houve acordo, durante o ano passado. Mas que agora o governo estadual não tem respondido aos pedidos da prefeitura para manter os convênios de cooperação e se recusou a ceder a PM para treinar os guardas municipais.

O prefeito de Curitiba afirmou que o governador está prejudicando a população ao não permitir que a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros operem os núcleos de proteção ao cidadão e os postos do Corpo de Bombeiros. “A população de Curitiba não merece isso. Queremos igualdade de tratamento. Ele (Requião) foi eleito por por todos no Estado. E tem a obrigação de atender a todos os paranaenses igualmente”, atacou o prefeito de Curitiba.

Horário eleitoral

Conforme Taniguchi, dos dez centros de proteção em Curitiba, quatro não têm a presença do governo do Estado. “O que eu estou cobrando do governador é que ele determine a continuação da parceria agora e que não deixe para depois da eleição, como ele disse na televisão”, afirmou Taniguchi, referindo-se a uma gravação feita por Requião no programa de Vanhoni, no horário eleitoral gratuito, em que o governador disse que com a eleição do seu candidato, a prefeitura faria a sua parte na integração da política de segurança.

O prefeito explicou que a prefeitura oferece a área e constrói a unidade. Ao governo cabe fornecer os equipamentos e o pessoal para o funcionamento dos núcleos. Ele citou que no bairro Pilarzinho o posto foi concluído em abril deste ano, mas até agora não foi assumido pelo Corpo de Bombeiros. Taniguchi mencionou ainda os Núcleos de Proteção do Parque Barigui e do Peladeiros, que estão sendo operados pela Guarda Municipal devido à ausência dos representantes do estado.

A construção de novas unidades foi suspensa e os recursos destinados às obras foram remanejados para a aquisição de equipamentos, disse o prefeito. Como o estado não assumiu a sua parte, a prefeitura é que vai montar a estrutura para o funcionamento dos centros, comentou.

Secretário contesta

O secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, contestou as informações divulgadas na tarde de ontem pelo prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi. Sobre a parceria com a Polícia Militar para o treinamento da Guarda Municipal, de acordo com Delazari, não é verdadeira a afirmação de que a PM teria se negado a treinar a tropa da Guarda neste ano.

Segundo ofício assinado pelo comandante-geral da PM do Paraná, coronel David Antonio Pancotti, a Prefeitura de Curitiba teria demorado para cumprir a burocracia para reservar a Academia Policial Militar do Guatupê, para o treinamento de 400 guardas municipais. O atraso coincidiu com o início das aulas dos 1.028 novos policiais militares que ocuparam as dependências da Academia, impossibilitando, assim, que a Guarda Municipal fosse treinada.

“Este governo fez a maior contratação da história da Polícia Militar. Nós não negamos fazer o treinamento da Guarda Municipal, só precisamos que a prefeitura respeite os prazos. Assim que terminarem as aulas destes novos PMs, poderemos abrir as portas da Academia para treinar uma nova tropa para a Guarda Municipal”, disse o secretário.

Delazari esclareceu, também, que a proposta de colocar policiais militares em módulos policiais construídos pela prefeitura é inviável. “Não queremos a polícia estática e engessada dentro de módulos. Queremos a polícia nas ruas combatendo o crime e atendendo à população”. O secretário explica que a proposta aceita pela Secretaria da Segurança Pública é que a própria prefeitura construa seus módulos e coloque a Guarda Municipal para administrá-los. “Só entendo as críticas porque o que o governo do Paraná está fazendo para melhorar a segurança pública está dando certo e isso incomoda a quem tem interesses eleitoreiros”, disse.

Vanhoni explica proposta

O candidato à prefeitura de Curitiba, deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT), afirmou que o prefeito Cassio Taniguchi (PFL) está confundindo política de segurança integrada com a construção de prédios. “Segurança integrada envolve um conjunto de ações. Vou mandar uma fita do meu programa para que possa compreender melhor a proposta”, afirmou Vanhoni.

O deputado estadual petista comentou que a segurança integrada implica troca de informações e um serviço de inteligência comum. “Durante seis anos, o prefeito teve um governador aliado e não conseguiu realizar um trabalho integrado polícias Militar e Civil, a Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros. Isso que se faz não é segurança integrada. Em política de segurança integrada, a Guarda Municipal tem que comunicar com a central da PM, por meio de um sistema de rádio. Não é o que acontece”, criticou.

O candidato do PT disse que sua proposta é diferente. De acordo com suas explicações, o programa Segurança Integrada que propôs vai integrar a Guarda Municipal às forças policiais do Estado em oito Módulos de Segurança, que serão instalados nas oito regionais: Boqueirão, Santa Felicidade, Portão, Pinheirinho, Cajuru, Bairro Novo, Boa Vista e Centro.

O Segurança Integrada funcionaria por meio de uma Central de Inteligência de Operação, que comandará as ações policiais contra o crime. A proposta de segurança seria integrada aos 45 Conselhos Comunitários de Segurança por meio de agentes contratados pela prefeitura. Os agentes comunitários e da Polícia do Povo fariam uma parceria direta com os moradores nos bairros. (EC)

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