Cassino

Ex-delegado-geral suspenso por envolvimento com jogo ilegal

O Ministério Público divulgou nesta segunda-feira (20), que a 11.ª Vara Criminal de Curitiba suspendeu o exercício das funções de seis policiais civis e de dois policiais militares por envolvimento com jogo ilegal. Entre os afastados estão o ex-delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, que trabalhava na Assessoria de Planejamento Operacional da Polícia Civil, e o delegado Geraldo Celezinski, lotado em Pinhais.

A decisão, acatada sexta-feira (17), foi pedida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, e é resultado da operação Abaité, feita no começo do mês, em que 18 pessoas foram denunciadas. Os suspeitos são acusados de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e contravenção do artigo 50, da Lei das Contravenções Penais, relacionadas à exploração ilegal de jogos de azar em Curitiba e região metropolitana.

Denúncia

De acordo com o Gaeco, exploradores do jogo ofereciam propina aos policiais, que se organizaram para receber as vantagens indevidas oferecidas pelo grupo. Na decisão, a Justiça ressalta que “há indícios da existência de uma rede de corrupção envolvendo policiais civis, militares e até mesmo delegados de polícia” e “verifica-se que os agentes públicos supostamente se valeram da condição funcional para a prática delitiva, promovendo uma espécie de ‘escudo de proteção’ para evitar a repressão que era exigida do Poder Público”.

Além da suspensão do exercício de suas funções, a Justiça determinou, também, que todos os agentes públicos denunciados sejam proibidos de ingressar em qualquer repartição policial e de manter contato com as testemunhas arroladas pelo Gaeco até o fim do processo (ou até que a decisão seja revogada). Enquanto isso os afastados continuam a receber salário.

Cassino

As investigações do Gaeco começaram em 2012, quando policiais civis invadiram uma mansão no Parolin, prenderam três pessoas e apreenderam 40 máquinas caça-níqueis. A ação foi protesto de policiais civis, descontentes com as condições de trabalho, com o que classificavam de “crise de moralidade” na instituição e fizeram a operação sem o conhecimento do comando da Polícia Civil ou apoio de um delegado. O registro feito pelos próprios policiais na época descrevia o local como abrigo para tráfico de drogas, exploração sexual de adolescentes, jogos de cartas e exploração de caça-níqueis.

Cerca de um ano depois, investigação da Polícia Civil concluiu que não havia exploração sexual na mansão-cassino, apesar da existência de suítes luxuosas. A instituição, em fevereiro de 2013, ressaltou que o local era frequentado por idosos e a investigação teria concluído que nenhum policial civil estaria envolvido na exploração de jogos no local. O dono do imóvel afirmou que nunca havia explorado jogos ilegais e disse que, quando houve a invasão, a casa estava sublocada para três pessoas.

Na mesma época das investigações, a Justiça concedeu o pedido de prisão temporária de Michelotto, em dezembro de 2013. Também foram presos temporariamente o delegado Geraldo Celezinski, dois investigadores, cinco policiais militares e outras quatro pessoas que não são agentes públicos. Ainda detido, o ex-delegado geral teria negado, em depoimento, qualquer envolvimento no esquema.