Acabou pra eles

Polícia prende trio de traficantes acusado de assassinato

Diandro Cláudio Melanski, 36 anos, o “Didi”, foi preso dentro de sua casa noturna Batel Music, na Rua Bispo Dom José, Seminário, na madrugada desta segunda-feira (22, com os amigos Jeovani Moreira do Rosário, 22 anos, o “Tutinha”, e Maycon Aurélio Machado, o “Mayquinho”, da mesma idade. Eles são suspeitos de um homicídio ocorrido na Cidade Industrial, no ano passado. Apesar de Diandro negar envolvimento com o tráfico de drogas, a polícia também afirma que ele assumiu a distribuição de cocaína na CIC, que antes era comandada por Éder Conde, preso em 2010. A boate de Diandro, suspeita a polícia, era usada para lavagem de dinheiro do tráfico.

O trio é suspeito de matar Anderson Alves Baptista, 22 anos, o “Deda”, em 16 de dezembro, dentro de um bar da Rua Gilberto Kaminski, na CIC. Segundo o delegado Danilo Zarlenga, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o motivo do crime foi o empréstimo de um objeto não devolvido. Diandro seria o mandante e Jeovani e Maycon, os executores. A delegada Maritza Haisi, coordenadora da DHPP, disse que Diandro é investigado como mandante em outros quatro ou cinco homicídios, em que também participaram Jeovani, Maycon e outros investigados.

A operação para cumprir os mandados de prisão temporária dos três suspeitos, por homicídio e formação de quadrilha, teve a participação de 40 policiais da DHPP e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Uns estavam à paisana na boate, passando-se por clientes. Outros fingiram ser guardadores de carros e o restante esperava que a casa começasse a esvaziar para entrar, o que ocorreu por volta das 4h, quando o trio estava num dos camarotes. Diandro tentou se esconder no banheiro feminino.

Tráfico

Maritza explicou que 60% dos homicídios investigados pela DHPP tem relação com tráfico de drogas ou uso de entorpecentes. Quando começaram a investigar o assassinato de “Deda”, perceberam que os suspeitos seriam comandantes do tráfico na região. O trabalho foi iniciado com a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), que deve se pronunciar nos próximos dias.

O delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura, do Cope, afirmou que Diandro assumiu o posto de Éder Conde. “Apesar de ter sido condenado a 22 anos de cadeia, em 2011, o traficante poderá ir para o regime semiaberto, já no ano que vem”, disse Cartaxo. Segundo divulgou a PF na época, Conde movimentava 400 quilos de cocaína e R$ 6 milhões anuais. Morava numa mansão em Pinhais, e tinha cerca de 40 carros.

Diferente de Conde, segundo o delegado do Cope, Diandro é muito discreto e cuidadoso para não ser pego pela polícia. “Ele e os comparsas não falam ao celular, só pessoalmente. Não tem residência fixa. Cada noite passa em um lugar diferente, para que seja difícil localizá-lo”, disse o delegado. Maritza garantiu que a DHPP conseguiu provas robustas que incriminam Diandro e os comparsas pelo homicídio de “Deda” e pelo tráfico.

Negação

Diandro, Jeovani e Maycon negaram envolvimento no assassinato de “Deda”. “Uma pessoa disse à polícia que ‘Deda’ vendia droga pro ‘Neguinho’, que é meu apelido. Só que ‘Neguinho’ tem vários. Estão me confundindo”, alegou Jeovani, que já é investigado por outro homicídio ocorrido na Vila Oswaldo Cruz, na CIC. Maycon negou participação no assassinato de “Deda”, apesar de também ser investigado por outra morte na Vila Nossa Senhora da Luz.

Detido afirma que só tem fama

“Foi a imprensa que me deu essa fama, de assumir o império que já foi do Conde. Isso não é verdade. Mas é uma fama que vou levar pelo resto da vida. Mas não tenho nada a ver com isso”. Foi a alegação de Diandro, em entrevista exclusiva à ,Tribuna. Ele disse que conhece Éder Conde há muitos anos, já que sua família mora na Vila Nossa Senhora da Luz, onde o traficante mantinha o “quartel general”.

No entanto, ele nega ter pertencido à quadrilha de Conde. Diferente do que disse o delegado Cartaxo, que afirmou que Diandro já foi “soldado” na quadrilha de Éder e cresceu depois da prisão do traficante. “Já puxei sete anos de cadeia por roubo. Respondi por dois homicídios e fui inocentado. Nunca me meti com tráfico. Se eu fosse da quadrilha, não tinha precisado de defensor público nos júris dos homicídios. O Conde teria me pago um bom advogado”, alegou o preso.

Promotor

Diandro disse que depois que saiu da cadeia, passou a trabalhar com shows, trazendo artistas e bandas de renome nacional a Curitiba e conheceu os antigos donos da casa noturna, que comprou. “A boate não deu certo e eles me ofereceram o negócio. Eu comprei, com dívida e tudo e reabri com outro nome. Estou pagando todos os empréstimos que eles fizeram, descontados diretos no cartão de crédito”, alegou, sem explicar como conseguiu dinheiro para comprar o negócio.

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