Alto da XV

Policial algema a namorada e a executa no meio da rua

Algemada e assassinada a tiros pelas costas. Estes foram os eventos finais da vida de Paola Natália Cardoso, 23 anos, namorada do policial civil Napoleão Seki Júnior, 37, autor do crime.

Ele usou uma pistola calibre 40, que pertence à corporação, para atirar quatro vezes contra a moça e em seguida disparou no próprio pescoço. O projétil atravessou o rosto dele e saiu na testa. Napoleão permaneceu ao lado do corpo da namorada até a chegada de uma ambulância que o levou ao Hospital Cajuru, onde foi internado em estado grave.

O casal estava em um Celta vermelho que seguia pela Rua Sete de Abril, no Alto da XV, por volta do meio-dia desta quinta-feira (24). Eles discutiam dentro do veículo e perto do cruzamento da Rua Reinaldino Schaffemberg de Quadros, Paola desceu do carro e saiu correndo.

Diante de várias testemunhas, Napoleão agarrou a namorada, a jogou no chão e com o joelho nas costas dela colocou as algemas. Ele a empurrou para dentro do carro novamente e quando tentou sair com o veículo, foi fechado por um automóvel branco, dirigido por um jornalista.

“Esse cidadão se identificou como repórter e tentou argumentar com o policial para saber o que estava acontecendo. Quando ele voltou ao carro para pegar a câmera fotográfica, a moça conseguiu correr. A princípio parecia assalto, mas quando vi as algemas, percebi que tinha policial envolvido”, disse o fotógrafo Marcelo Ribeiro, que seguia de moto logo atrás do carro de Napoleão.

Sangrando por causa das agressões, Paola se livrou pela segunda vez das mãos do namorado e, mesmo com os braços presos para trás, atravessou a rua em disparada. Neste momento, o policial sacou a pistola e atirou contra ela pelo menos quatro vezes.

A moça tentou se esconder atrás de um carro estacionado, mas não teve tempo e caiu no canteiro de bruços. Diante da arma, todos que tentavam separar a briga do casal se afastaram. Napoleão chegou perto do corpo e após ver os últimos segundos de vida da namorada, tentou suicídio.

“Apesar de ter atirado contra si mesmo, ele continuou andando perto do corpo, sangrando bastante. Aos poucos foi desfalecendo até sentar. As pessoas começaram a questionar porque ele tinha matado a moça, mas não dizia nada”, comentou Marcelo.

Reprodução/Facebook
Napoleão e Paola estariam namorando há cerca de um ano.

Delegacia da Mulher

Equipes da Polícia Militar isolaram a toda a quadra e alguns investigadores da Delegacia de Homicídios entraram em um prédio em frente à cena do crime para analisar imagens das câmeras de segurança.

No entanto, a investigação está a cargo da delegada Daniela Correia Antunes Andrade, da Delegacia da Mulher. Em nota, a Polícia Civil lamentou a morte de Paola e garantiu que a apuração deverá acontecer de maneira ágil e transparente.

Histórico de “pavio-curto”

Paola e Napoleão namoravam desde março do ano passado. A moça era estudante da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e tinha um filho de um ano, de um relacionamento anterior. Napoleão estava na polícia desde 2010.

Passou um período trabalhando na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos e atualmente trabalhava no setor jurídico da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp). Segundo a assessoria da Polícia Civil, ele já teve problemas disciplinares, mas não especificou em que processos Napoleão estaria envolvido.

Valentão

Em 10 de julho de 2012, Napoleão arranjou confusão em um bar de São Paulo e foi denunciado pelo Ministério Público daquele estado. Acompanhado de uma mulher, ele entrou no estabelecimento ostentando uma pistola, mas atendeu ao, pedido do dono do bar para guardar a arma em local seguro, dentro do estabelecimento.

Pouco mais tarde, na madrugada, aparentemente embriagado, discutiu, puxou o revólver que levava em um coldre preso à perna e apontou para o proprietário do bar. No calor do bate-boca deu um tiro para o chão. Ninguém ficou ferido e, seguindo os apelos da moça que o acompanhava, guardou a arma e saiu.

Napoleão não teria autorização para usar as duas armas naquele estado. A confusão rendeu a ele o processo em São Paulo e na Corregedoria Geral da Polícia Civil paranaense.