E agora, José?

Greve termina, mas futuro do transporte público continua incerto

Após quatro dias, a greve de ônibus em Curitiba e região metropolitana chegou ao fim na noite de ontem. Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ânibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), os adiantamentos salariais pendentes desde o último dia 20 entraram na conta dos trabalhadores. A paralisação era parcial desde quarta-feira, mas foi total nos dois dias anteriores.

O pagamento integral dos 40% de adiantamento salarial era pré-condição para que 100% da frota voltasse à operação. No final da tarde de ontem, o Sindimoc havia informado que duas empresas – Leblon Transporte de Passageiros Ltda e Viação Nobel – ainda estavam inadimplentes. As viações operam linhas de Fazenda Rio Grande. Mas o depósito que pôs fim à paralisação foi confirmado às 19h40 de ontem.

O desfecho da greve foi intermediado pelo Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), que havia determinado na última terça-feira o retorno de 80% da frota até que os vales atrasados fossem repassados aos trabalhadores. A decisão havia sido tomada pelo desembargador Luiz Eduardo Gunther.

A falta de pagamento do vale dos funcionários foi motivada pelo atraso no repasse do subsídio estadual referentes aos três últimos meses de 2014. Na última terça-feira, o governo estadual prometeu depositar R$ 5 milhões para quitar os vales e propôs pagar outros R$ 11 milhões em cinco vezes. Urbs e Comec ainda discutem um novo convênio para manter a integração metropolitana entre 14 municípios da RMC.

Passagem mais cara

O fim da greve é apenas o fim de um pequeno episódio da longa novela do transporte coletivo da RMC. Hoje, os usuários do sistema devem receber mais uma notícia ruim: o aumento na tarifa paga pelo usuário, que pode passar dos R$ 3. Na última quarta-feira, o prefeito Gustavo Fruet disse que anunciaria hoje os novos valores para as linhas que circulam dentro de Curitiba.

A medida pressiona o governo do estado a aumentar sua proposta de subsídio, para garantir a manutenção da tarifa integrada. “O governo está oferecendo um subsídio de R$ 27 milhões [por ano]. Em 2012, ano eleitoral, ele repassou R$ 64 milhões. Não há como manter os mesmos valores do passado”, disse Fruet na entrevista coletiva da última quarta.

Já no próximo dia 5 de fevereiro, uma nova audiência está marcada no TRT-PR, para discutir o aumento salarial dos trabalhadores. Uma nova greve não está descartada, caso haja novo atraso no pagamento (previsto para o dia 6) ou não haja acordo sobre o reajuste da categoria.