Rendidos à tecnologia

Passageiros ‘abandonam’ rádio táxi e aderem ao aplicativo

A chegada da tecnologia no sistema de uso de táxi está fazendo o mercado mudar em Curitiba. E repetindo a nova realidade de outras grandes capitais, o uso de aplicativos para chamar um carro está cada vez maior.

Muitos usuários já não recorrem mais às centrais, como a psicóloga Karoline Hasse, que há um ano e meio usa apenas os aplicativos. “Nesse período até tentei usar a central de novo, mas a demora foi muito grande. Desisti. E não uso mais”, conta. Ela afirma ainda que, além da agilidade para chegada do carro, a interatividade com o motorista é um dos benefícios. “O motorista vai te avisando o que está acontecendo, se vai se atrasar. Você pode dar ponto de referência e nunca fica sem saber o que está acontecendo”, avalia Karoline. Os clientes têm ainda a facilidade de comunicação direta com o motorista e a livre escolha pela forma de pagamento.

Adaptação

Com a novidade invadindo o mercado, motoristas e entidades ligadas aos táxis que eram contrários ao sistema estão buscando mecanismos para se adaptar às mudanças.

A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), que inicialmente se posicionou contrária e gerou polêmica com multas a motoristas que usavam a tecnologia, liberou o uso e está investindo em melhorias. O primeiro passo será a implantação de monitoramento por GPS de todos os táxis da cidade.

“A determinação do prefeito [Gustavo Fruet] é que gente prospectasse e conversasse com todos os envolvidos no sentido de encontrar soluções. Agora estamos montando uma central de operação do serviço de táxi”, explica o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior.

Felipe Rosa
Edson só usa aplicativo.

Nova rotina e benefícios

As centrais de táxi, que têm perdido motoristas e clientes, também já estão se adaptando e em 40 dias devem trazer ao mercado mais uma novidade. Seis centrais vão lançar um aplicativo que vai unificar os serviços para ampliar o número de carros ofertados. “É um sistema mais seguro, regulamentado. Vamos deixar o atendimento muito mais rápido. Será referência no Brasil. Além de juntar as centrais, teremos parceria com municípios vizinhos como Pinhais e São José dos Pinhais”, conta Julcimar Francisco Zambon, presidente da Associação das Centrais de Radiotáxis de Curitiba e Região Metropolitana.

Pedro Chalus, presidente do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários do Estado do Paraná, defende a criação de um mecanismo único desenvolvido pela própria Urbs para assegurar que o uso dos aplicativos seja ainda mais seguro. Ainda que não seja contrário ao mecanismo. “Seria ideal se tivéssemos uma empresa participando destes aplicativos, mas homologada, escolhida através de licitação”, disse.

Felipe Rosa
Rodrigo largou a central.

O uso de aplicativos também mudou a rotina dos taxistas. Quem já aderiu à nova tecnologia afirma estar colhendo bons frutos e sem ônus algum. Edson Cava é taxista há apenas um mês e afirma, categoricamente, que só está na nova profissão graças aos aplicativos. Se tivesse de se associar a uma central para ter mais acesso a corridas teria desistido.

“Eu não teria condições de pagar para me associar a uma central. Não poderia ser taxista. Os aplicativos foram meu incentivo e, se não fosse por isso, teria desistido”, reforça E,dson, que faz entre 20 e 30 corridas diárias. Segundo os taxistas, algumas centrais cobram até R$ 180 mil pela cota de associação, além do pagamento mensal do rateio das despesas.

Rodrigo Sprada, que divide o táxi com o pai, usa os aplicativos há um ano e meio e há um mês deixou de ser associado de uma central de rádio táxi. De acordo com ele, foi a melhor decisão tomada. Só de não pagar o rateio da central são R$ 750 economizados, sem contar o número de corridas que tem sido bom. “Com o dinheiro economizado estou investindo. Já comprei um celular melhor, coloquei internet 4G para atender melhor os clientes”, comemora.

Motoristas e passageiros cadastrados

Os aplicativos ainda geram polêmica. A Associação das Centrais de Radiotáxis de Curitiba e Região Metropolitana alerta para o risco que passageiros e motoristas correm ao usar a plataforma. Para o presidente Julcimar Francisco Zambon não há como alguém recorrer se tiver problemas.

“Ninguém consegue dizer onde achar os responsáveis por esses aplicativos. O usuário fica refém se perder algum objeto ou sem saber se quem vai atendê-lo é legalizado junto a Urbs”, destaca Julcimar.

Já os sindicatos dos motoristas defendem o uso dos aplicativos, não só pela segurança, mas pela gratuidade do serviço. Passageiros e taxistas não pagam qualquer taxa pelo uso.

“Pelo aplicativo você tem bastantes corridas e eles não cobram porque sobrevivem de propaganda. Diferentemente das centrais, eles não precisam explorar o trabalhador”, afirma Abimael Mardegan, presidente do Sindicato dos Taxistas (Sinditáxi).

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