Túnel do tempo

Há 20 anos, ‘Cavaleiros do Zodíaco’ virava febre no Brasil

Há 20 anos eu estava na 4ª série do ensino fundamental. Lembro que um dia, no intervalo durante as aulas, enquanto jogávamos truco escondido dos professores, um amigo disse que tinha assistido a um desenho melhor que ‘X-Men’.

Na época, a sensação entre os meninos era o desenho de Wolverine e sua turma nas manhãs da TV Colosso, na Globo. Ele nos convenceu a assistir o tal ‘Cavaleiros do Zodíaco’, exibido pela Rede Manchete. Em pouco tempo o colégio inteiro só falava da batalha das 12 casas do zodíaco. Para quem foi criança na segunda metade da década de 1990, ‘Cavaleiros do Zodíaco’ foi um épico. A animação japonesa era diferente de qualquer desenho americano que já tínhamos visto. Os heróis tinham entre 13 e 14 anos e, apesar dos superpoderes, eram tão humanos quantos aqueles que acompanhavam suas histórias.

Depois da aula, as discussões eram acaloradas sobre quem era o melhor cavaleiro. Onde eu estudava a preferência se dividia entre Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne e Ikki de Fênix. O protagonista Seiya de Pégaso angariava uma certa antipatia por ser o preferido de Atena e nos clímax ser sempre ele a salvar a história. O pobre Shun de Andrômeda não tinha a preferência de ninguém. Todos os dias gastávamos uns bons minutos analisando a batalha exibida no capítulo do dia anterior.

Divulgação/Toei Animation
Quem era o seu cavaleiro de Atena preferido durante a infância?
Quem era o seu cavaleiro de Atena preferido durante a infância?

O sucesso da série surpreendeu até a Rede Manchete e sua exibição se multiplicou pela grade de programação. ‘Cavaleiros’ fez explodir a anime-mania no Brasil e pavimentou o caminho para outros sucessos como ‘Shurato’, ‘Yu Yu Hakushô’, ‘Dragon Ball’, ‘Samurai X’, ‘Pokémon’, ‘Digimon’ e tantos outros. A animação japonesa fez nascer um mercado editorial de revistas sobre os heróis da televisão. Durante alguns anos eu não perdia uma edição da revista Herói e depois Herói Gold.

Cavaleiros também despertou o interesse dos telespectadores sobre as pessoas que davam a voz aos seus personagens preferidos. Pela primeira vez, os dubladores saíam do anonimato e eram recebidos em eventos de cultura japonesa como verdadeiras estrelas. A plateia era levada ao êxtase ao ouvir Hermes Baroli gritar “Meteoro de Pégaso”, Élcio Sodré evocar o “Cólera do Dragão” ou a potente voz de Gilberto Baroli com a “Explosão Galática”.

A redublagem da animação, nos anos 2000, também trouxe um presente para os fãs, a abertura da série foi gravada por Edu Falaschi, da banda de metal Angra, seguindo o original japonês. ‘Cavaleiros’ também passou a ser exibido na tv por assinatura, no Cartoon Network, e alcançou uma nova geração.

Agora, nos 20 anos de sua primeira exibição na extinta Rede Manchete, os cavaleiros de Atena voltam aos cinemas brasileiros. A nova produção, 100% em computação gráfica, que estreou nos cinemas japoneses em junho, será lançada no Brasil em 11 de setembro. É a chance de uma nova geração conhecer o desenho que marcou a infância de muitos trintões.

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