Literatura

Ken Follett vai à Bienal com sua trilogia ‘O Século’

O sucesso sempre esteve nos planos de Ken Follett, 65 anos e 150 milhões de exemplares vendidos. “Eu nunca quis só escrever um romance; eu queria fazer um best-seller. A maioria dos escritores diz que escreve para o próprio prazer, mas desde o começo eu quis agradar aos leitores e fazer algo que eles achassem muito bom. Nasci assim: eu queria ser uma estrela”, diz o britânico em sua segunda passagem pelo Brasil – há mais de 20 anos, ele veio para o carnaval. Agora, o motivo é profissional. No sábado, 30, na Bienal do Livro, ele fala sobre a trilogia O Século. O visitante, porém, terá de esperar até o dia 16 para comprar o derradeiro volume – de nada menos do que 1.070 páginas: Eternidade Por Um Fim. É a data em que livrarias do mundo todo receberão a obra.

Iniciada com Queda de Gigantes (2010) e Inverno do Mundo (2012), a trilogia acompanha a história do século 20 por intermédio da trajetória de cinco famílias (dos Estados Unidos, Inglaterra, País de Gales, Rússia e Alemanha). O livro que sai agora vai dos anos 1960 até a posse do presidente Obama, em 2008, e percorre momentos como a guerra fria e a luta pelos direitos civis – a parte que mais o emocionou.

Para se preparar para o livro, o autor fez uma viagem ao sul dos EUA. “Achei que soubesse tudo sobre aquele período, mas a viagem foi muito emocionante. Pensar em como aquelas pessoas foram heroicas, em como muitos apanharam, outros foram mortos. Achei isso terrivelmente tocante”, comenta. Ele concorda que nem todos os problemas foram resolvidos, e o recente assassinato de Michael Brown Jr. em Ferguson é prova disso, mas é otimista. “Os afro-americanos podem votar hoje e isso faz a diferença. Além disso, há muitos policiais afro-americanos no Sul dos Estados Unidos. Nos anos 1960, não havia nenhum. Essa é uma mudança muito grande.” A luta é contada por Follett a partir da história de George Jakes, um dos 104 personagens da obra, filho de mãe negra e pai branco, que se engaja no movimento.

Mais de mil páginas, mais de 100 personagens. Esta parece ser a fórmula do sucesso de Ken Follett. Mas isso ele só descobriu no 11.º título que escreveu – O Buraco da Agulha, de 1978. O que aconteceu de diferente? “Foi o primeiro que eu planejei e pesquisei. O enredo se passava na Segunda Guerra Mundial, então tive que pesquisar tudo – como era a vida, quanto custavam as coisas, como a comida era racionada. Tive que conhecer todos esses detalhes – o que tornou o livro mais interessante”, explica, acrescentando que a terceira mudança foi o ritmo dos livros.

Os títulos anteriores, mais curtos, são herança do jornalismo, que exerceu por cinco anos. Por causa dele, tornou-se fluente na escrita e aprendeu a encarar o papel em branco com naturalidade. Dos tempos em que foi editor de livros, aprendeu a pensar num projeto editorial que agradasse também aos livreiros.

Outro marco em sua carreira foi quando deixou os policiais que vinha escrevendo de lado para se dedicar à história da construção de uma catedral da Idade Média. Os Pilares da Terra, de 1989, editado pela Rocco, é um de seus maiores sucessos até hoje. Uma obra extensa, mas ainda pequena diante de seu projeto mais ambicioso até agora: a trilogia O Século.

“Essa história é sobre o lugar de onde viemos, mostra por que o mundo é como ele é hoje. Achei que interessaria às pessoas porque elas estariam aprendendo sobre si”, explica. Ela é contada com base na vida inteira dos personagens, o que, para o autor, é uma das razões de seu sucesso. “Normalmente os conhecemos quando ainda são crianças, os vemos crescer, se apaixonarem, terem filhos, ficarem velhos.”

Para evitar algum deslize, contratou historiadores para revisar seu trabalho. Seu desafio, diz, é tocar o leitor. “É tão fácil escrever livros ruins, autoindulgentes, e é muito difícil cativar o leitor. Acordo de manhã e é isso o que quero fazer. É emocionante fazer isso e ser bom nisso”, gaba-se.

Porque gosta (de Stephen King e Lee Child) e porque quer saber o que faz sucesso (J. K. Rowling e Suzanna Collins), lê autores best-seller como ele. E clássicos. Ir ao teatro &eacu,te; um passatempo, assim como tocar baixo às segundas – sua banda se apresenta cerca de cinco vezes ao ano e o próximo show será na festa de lançamento de Eternidade Por Um Fio em Frankfurt, durante a Feira do Livro.

Ele sabe que encontrar leitores faz parte do trabalho do escritor e gosta disso (mas não de viajar). Aos que irão à Bienal, uma dica: Follett acha esquisito um estranho querer beijá-lo.

Na volta para casa, vai se dedicar aos três livros que pretende lançar (pela Arqueiro) nos próximos nove anos – um deles sobre espiões europeus no século 16. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Paraná Online no Google Plus

Paraná Online no Facebook

Paraná Online no Google Plus

Paraná Online no Facebook