Bons tempos

Nos anos 90, Curitiba foi palco de perseguições eletrizantes

Muito antes de o cinema nacional retomar sua força e de seriados policiais brasileiros despontarem na televisão, Curitiba já era palco de uma das criações mais importantes do gênero: a série “Pista Dupla”. Com apenas 24 capítulos, transmitidos entre março e novembro de 1996, o programa se transformou em um dos maiores sucessos da TV dos anos 90.

Totalmente filmado na Grande Curitiba e veiculado pela CNT, “Pista Dupla” conta a história do policial Beto, vivido por Werner Schumann, e seu irmão gêmeo Nando, um tímido jornalista interpretado por Willy Schumann, que depois de muitos anos separados acabam se reencontrando já adultos para combater o crime na capital paranaense.

Segundo Willy, que atualmente é colunista do Paraná Online, a ideia do seriado partiu do roteirista Altenir Silva, responsável pelas novelas da Record, durante uma conversa em um restaurante. “Nós montamos o projeto e entregamos ao José Carlos Martinez, presidente da CNT, que gostou da proposta”, comentou.

Pioneirismo

O seriado combinava elementos típicos do gênero policial, como violência, sensualidade e mistério, mas colocava também em cadeia nacional um elemento que ainda era novo para a época: o cidadão curitibano. Sempre considerado crítico e exigente, o curitibano é sempre visto como público e nunca como criador do espetáculo.

Willy e Werner, que realmente são gêmeos, não eram novatos na dramaturgia da cidade, conheciam muito bem o que era feito por aqui e participavam ativamente da construção da identidade local para a produção teatral. “Nossa primeira experiência como atores foi com o filme ‘Pioneiros do Cinema’ (que ganhou o premio de melhor ficção no Festival Internacional de Cinema da Bahia em 1994), onde, além de escrever e dirigir, interpretávamos os irmãos Bunderbruck (ao lado da Lala Schneider, Armando Maranhão, do Ênio Carvalho e do saudoso Paulo Friebe)”, relembra Werner, que voltou a se dedicar ao cinema e mora em Berlin.

Para a jornalista Áurea Leminski, que interpretava Bel, par romântico de Nando, o seriado foi um divisor de águas na produção paranaense de teledramaturgia. “Para os atores daqui foi uma grande oportunidade de se projetar para outros grandes centros de produção cinematográfica, teatral e televisiva. Além disse, foi a chance de ter uma experiência totalmente diferente para os padrões dos trabalhos disponíveis para os atores em Curitiba”, comentou.

Segundo temporada

O sucesso de “Pista Dupla” foi um marco na televisão paranaense. “As pessoas nos paravam nas ruas. Todos os dias tinha gente em frente à casa dos meus pais”, relembrou Willy, que completou: “ainda hoje tem gente que quer autógrafo e pede para tirar foto”. Mesmo com a repercussão em todo o Brasil, os irmãos Schumann não conseguiram uma segunda temporada.

“Creio que a CNT estava passando por momentos incertos e talvez seria um risco muito grande a continuar investindo numa segunda temporada do seriado. Não vamos esquecer que a produção era fora do eixo Rio-SP e a sua comercialização também não estava tão bem sedimentada”, disse Werner.

Coincidências

Depois de trabalharem no seriado, Willy e Áurea ainda se encontrariam novamente, mas desta vez como jornalistas na CNT. “Vivemos muitas histórias durante todo o período de gravações e continuamos amigos. Tenho grande admiração e carinho pelos dois irmãos, o Willy e o Werner”, comentou Áurea.

Mas dois fatos que poucos sabem é que Alexandre Nero, que interpreta o Zé Alfredo na novela “Império”, também participou de um dos episódios da série. No mesmo capítulo, Ratinho, que na época era apresentador de um programa policial na mesma emissora, viveu um delegado da cidade da Lapa.

Confira uma coletânea com os m,elhores momentos do seriado

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