Tratores roubados são cadastrados

Tratores e outras máquinas agrícolas não são registrados como veículos, não possuindo um cadastro nacional em que conste a movimentação de compra, venda e de equipamentos roubados. Sem nenhuma referência para consulta, muitas pessoas compram equipamentos com procedência duvidosa, conseqüência de roubos pelo País, podendo ser acusadas de receptação. Pensando nisso, um grupo de proprietários rurais de São Joaquim da Barra (SP) criou há dois meses o Cadastro Nacional de Máquinas Agrícolas Roubadas (Cnmar).

As pessoas lesadas podem disponibilizar a informação do roubo no site do Cnmar mediante o envio do boletim de ocorrência. Os registros formam um banco de dados gratuito para consultas. “Antes de comprar um trator, por exemplo, a pessoa poderá pesquisar se ele foi roubado em outro local. Até então, a única alternativa de comprovação era a nota fiscal, um documento que pode ser falsificado”, afirma Hélio Diniz Filho, um dos idealizadores do cadastro.

De acordo com ele, as máquinas mais roubadas são os tratores de pequeno e médio portes, porque são de fácil transporte. Os infratores normalmente pertencem a quadrilhas que ameaçam os proprietários e usuários com armas de fogo. “Além deles, alguns cometem estelionato, pois compram o equipamento com cheques falsos ou roubados”, afirma Diniz. As máquinas agrícolas têm dois destinos: passar pela fronteira de Paraguai e Bolívia, principalmente, ou serem comercializados em outros locais dentro do Brasil.

Diniz classifica Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná como os estados com mais crimes desse tipo. Nos dois últimos anos, eles ocorreram principalmente em áreas de fronteira. Na tentativa de coibir os roubos, os filiados ao Sindicato Rural de Guaíra, no interior do Estado, criaram em 1992 o Conselho Comunitário de Segurança da cidade. Com isso, um destacamento da Polícia Militar (PM) foi implantado no distrito de Oliveira Castro, no meio das propriedades rurais da região. “Os produtores da região e o Conselho ajudam na manutenção do posto para que os policiais tenham mais condições de agir contra os bandidos. A ação está dando tão certo que a prefeitura também passou a contribuir”, explica Neide Vicente, secretária do sindicato rural. Para ela, a situação melhorou bastante desde a criação do conselho.

O tenente Valmir de Souza, comandante do Pelotão da PM de Guaíra, comenta que a integração entre os proprietários e a polícia é o segredo para chegar no índice zero de roubos de máquinas agrícolas na zona rural da cidade há quatro anos. “A organização da população é muito grande e o trabalho é bem feito em virtude disso”, acredita. “Em diversas vezes houve a intenção de roubo, mas a polícia teve uma ação rápida. Se os policiais não estivessem no meio dos agricultores, os roubos aconteceriam”, afirma Souza. O contato entre as duas partes é feito por meio de rádios interligados.

Serviço:

Mais informações sobre o Cadastro Nacional de Máquinas Agrícolas Roubadas no site
www.cnmar.com.br  ou no telefone (16) 3811-8600.

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