Drogas por todo lado no Sítio Cercado

A crescente mobilização do tráfico de drogas no bairro Sítio Cercado é apontado por moradores como o principal motivo da seqüência de mortes que tem ocorrido na região. Segundo eles, que preferem não se identificar por temer retaliações, a venda de entorpecentes acontece em ritmo desenfreado pela manhã, tarde e noite. "Antes os traficantes agiam mais escondidos e à noite. Agora é toda hora. Basta andar nas imediações do terminal (de ônibus) para ver os viciados comprando", contou uma mulher, preocupada com a onda de violência em seu bairro. Segundo ela, não há fim de semana em que não ocorram mortes ou pessoas baleadas, principalmente jovens.

Os moradores pedem à polícia que realize ações para inibir o comércio de drogas.

Crimes

As informações dadas pelos moradores são fundamentadas pelos casos de homicídio divulgados pela Tribuna. Somente em março foram cinco assassinatos. Na noite do dia 7, Alessandro Augusto dos Santos foi fuzilado na Rua Sant’Ana do Itararé com oito tiros. A vítima tinha envolvimento com drogas e era conhecido da polícia pela prática de furto. Quatro dias depois, Daniel Teles Lima, 16, foi encontrado morto com uma facada no pescoço, na Rua Manoel da Nóbrega. Pela versão apresentada no local, o jovem era viciado e tinha recebido diversas ameaças de morte dos traficantes.

No início da madrugada do dia 25, Paulo César dos Santos, 18, foi vítima de ladrões. Ele transitava com a motocicleta emprestada de um amigo quando foi abordado e recebeu voz de assalto. Paulo foi encontrado baleado, ao lado da moto, na Rua Ourizona quase esquina com Rua David Tows.

No último domingo, um homem que não portava documentos foi encontrado morto próximo à linha férrea, por volta das 4h, na Rua Agenor Polidório. Vigilantes da América Latina Logística (ALL) afirmaram ter ouvido tiros por volta das 2h e o barulho de uma motocicleta se afastando. Na execução, a vítima foi alvejada na cabeça, peito e barriga. Na terça-feira passada, às 21h30, foi registrado o último homicídio, em que a vítima foi um rapaz chamado Alex.

Ação policial integrada tenta inibir a violência

Para inibir não apenas o tráfico de drogas, mas também os furtos e roubos que acontecem no Sítio Cercado, a Polícia Civil, Militar e a Guarda Municipal estão trabalhando de forma integrada. Segundo o investigador Neimir Cristóvão, do 10.º Distrito Policial, desde quando o delegado Alcimar de Almeida Garrett assumiu a delegacia, há três semanas, o resultado no combate à criminalidade tem sido satisfatório, apesar de a violência assolar a região.

Neste mês, a ação em conjunto entre as polícias resultou na prisão de quatro acusados de praticar roubos na região e de um importante traficante de drogas, que vendia crack na Praça Laertes Luiz Gugiati, no bairro Novo A. "Nós estamos tentando reprimir todo o tipo de tráfico, agindo nos pontos mais críticos, que são praças, ao redor dos terminais de ônibus, e locais de invasão", disse Neimir.

Quadrilha

No dia 25 de março, os investigadores desarticularam uma quadrilha que estaria ligada ao crime organizado, através do Primeiro Comando da Capital (PCC) – instituição criminosa nascida em São Paulo – envolvida com tráfico de drogas, assaltos, latrocínios e assassinatos. Na ocasião, Carlos José Dias de Siqueira, o "Gatão", 26; o irmão dele, Valdemar Dias Siqueira, conhecido como "Marco", 29, e Willian Vais, o "Maluquinho", 27, foram presos. Um menor – de 17 anos – foi apreendido. O líder do grupo, Nivaldo Dias Siqueira, o "Sabiá", 36; e três homens identificados como "Claudião", "Filipinho" e "Mamute" continuam foragidos.

O delegado Garret e sua equipe também trabalham com a ajuda da população, que convive com a criminalidade. Por isso, todas as informações que chegam na delegacia são analisadas e checadas. Quem quiser fazer qualquer denúncia pode ligar para o telefone 3378-8382.

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