Centro Rexona-Ades troca Tarumã pelo CCE

João de Noronha/O Estado
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Na arquibancada de fundos,
inifiltrações minam o teto.

Depois de um impasse que durava um mês e meio, numa reunião realizada ontem pela manhã, na Secretaria de Estado da Educação, o coordenador do Centro Rexona-Ades de Excelência no Voleibol, Bernardo Rezende, o Bernardinho, o secretário Maurício Requião, e o presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, praticamente definiram que o futuro do programa vai ser distante do Ginásio Almir Nelson de Almeida, o Tarumã.

Tudo por conta de uma interdição solicitada pela Secretaria de Obras Públicas do Paraná, na qual foi constatado o comprometimento de uma das vigas de sustentação do teto do ginásio, realizada no início de novembro. O documento indicava que não poderia mais ser realizado evento esportivo na praça de esporte, assim como vetou a realização das aulas do núcleo, onde são atendidas cerca de mil crianças semanalmente pelos 22 professores que trabalham no núcleo do projeto, que funcionava no Tarumã e só voltam ao trabalho em fevereiro do próximo ano, já em outro lugar.

Sem revelar muitos detalhes do encontro, Bernardinho falou à saída que "houve um realinhamento de intenções entre o que o governo e o que a Unilever pretendem com o projeto". Para o coordenador, o viés do empreen-dimento agora passa a ser a capacitação dos professores, para que assim seja possível atender um número maior de alunos através do empreen-dimento, que será ampliado, com a "inclusão de novas unidades em escolas do interior onde haja um reduzido Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)", segundo revelou Gomyde.

Embora não tenha sido divulgado de forma oficial, ficou clara a disposição das partes de liberar o ginásio do Tarumã para que lá o governo do Paraná, através da Paraná Esportes, realize os principais eventos esportivos do Estado (como jogos escolares e da juventude), sem no entanto prejudicar o trabalho desenvolvido no principal núcleo do projeto. A maioria das mil crianças que são atendidas no núcleo do ginásio do Tarumã, passariam a ser atendidas no Centro de Capacitação Esportiva (CCE), que também se situa no bairro do Tarumã. Porém, os alunos serão divididos. "Hoje em dia, os mil jovens atendidos, são matriculados em 280 escolas, espalhadas por várias regiões", revelou Dôra Castanheira, coordenadora técnica do centro que funciona no ginásio do Tarumã.

Para Bernardo, a reunião serviu ainda como uma forma de se firmar novos compromissos entre as partes envolvidas. "Foi muito positiva, pois ficou um canal aberto para cobranças mútuas", resumiu Bernardo. Ele não considerou um ataque pessoal a declaração do governador Roberto Requião, veiculada pela Rádio CBN, na qual afirmou que Rexona seria apenas marca de desodorante. "Esse tipo de declaração não me atinge. Sou acostumado a cobranças bem maiores", ponderou o técnico campeão olímpico em Atenas.

Estatuto do Torcedor desrespeitado

O Estatudo do Torcedor, promulgado em 15 de maio de 2003, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, traz em seus artigos 13 e 23, regras que não foram respeitadas pelos responsáveis pela Paraná Esportes – a redação do artigo 13 informa que "O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização dos eventos esportivos", enquanto o 23 versa: "A entidade responsável pela organização da competição apresentará ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal, previamente à sua realização, os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e autoridades competentes pela vistoria das condições de segurança dos estádios – no caso o ginásio – a serem utilizados na competição".

Na última sexta-feira, a reportagem de O Estado ouviu do presidente da Paraná Esporte, que ele teria pedido uma vistoria, pois teve uma "luz", antes da realização do Storm Samurai – um evento que reuniu no ginásio do Tarumã um público estimado em cinco mil pessoas. O problema é que o evento foi realizado no sábado, 6 de novembro, e a vistoria só aconteceu dois dias depois, em 8 de novembro.

Ou seja, o público, o staff da organização e os lutadores que se apresentaram para confrontos de valetudo, correram risco de vida, por uma negligência da Paraná Esportes, que, em última análise, é a responsável pelo ginásio. A vistoria, realizada pela Secretaria de Obras Públicas, concluiu que a praça esportiva não poderia receber eventos esportivos. Por isso foi solicitada a interdição.

A vistoria foi a segunda realizada pelo órgão. A primeira aconteceu em julho deste ano, e foi constatado um problema na viga de sustentação do teto sobre a arquibandada dos fundos do ginásio. Entre as duas análises, uma viga caiu e então foram suspensas as aulas do Centro Rexona de Excelência no Voleibol.

Segundo o Corpo de Bombeiros, único órgão do Estado com capacidade técnica para aferir o quesito segurança, não é solicitado a fazer vistoria desde 2002. O problema é que sem vistoria do Corpo de Bombeiros, que vale por um ano, todo e qualquer evento realizado feriu o Estatuto do Torcedor.

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