Eleitores denunciam fraude em Rio Branco do Sul

Boa parte da população de Rio Branco do Sul, Região Metropolitana de Curitiba, saiu às ruas ontem para protestar contra o resultado da eleição na cidade. Um grupo de mais de três mil pessoas, eleitores dos candidatos derrotados, se concentrou no início da tarde em frente ao bosque municipal e em seguida seguiu numa passeata até o fórum da cidade. Lá, muitos vestidos de preto e com referências aos outros candidatos que participaram da eleição, clamavam por justiça.

A maioria dos moradores indignados era jovem e votou para o candidato segundo colocado, Amauri Johnsson (PPS), que perdeu a eleição por apenas 179 votos. Segundo o filho de Amauri, Gibran Johnsson, que também é advogado, dez advogados voluntários estão estudando maneiras de provar a fraude na eleição e anulá-la. O terceiro colocado, Dorizon de Andrade Castro (PFL), disse que já protocolou pedido de anulação da eleição no domingo. “Foi escandalosa a compra de votos. No bairro onde eu nasci tive apenas 15% dos votos, enquanto o Pedro Cristiano (PP) foi o mais votado. Ele nem conhece o lugar”, revoltou-se, contando que em pesquisas internas de seu partido Cristiano aparecia apenas com 16,5% dos votos e foi eleito com 38,01%.

Testemunhas

Uma jovem dona-de-casa, de 26 anos, que não quis se identificar, contou que no sábado à tarde uma pessoa ligada ao candidato vencedor a procurou perguntando quais eram suas necessidades. Ela pediu forro, ele lhe deu um papel autorizando a buscar esse forro na segunda-feira após a eleição. “Mas ele pegou meu nome e o número do meu título. Fez isso com todo mundo no Jardim Record. Tinha um caderno com duzentos nomes anotados”, revelou, destacando que não votou em Pedro Cristiano e que ninguém lhe deu o forro na segunda.

Um segurança identificado apenas com G. A. M., 33 anos, recebeu a proposta de uma cesta básica e cinqüenta reais para votar em Cristiano. Recusou. “Os caras ainda ficaram bravos”, contou. Mas o segurança contou algo mais intrigante. Ao tentar votar para prefeito e para vereador a imagem que aparecia na tela não era do candidato cujo número ele havia digitado. “Para prefeito, apertei três vezes e aparecia o Pedro Cristiano, não o Amauri. Só na quarta tentativa apareceu a pessoa certa. Isso aconteceu também no voto para vereador, mesmo digitando outro número, por três vezes apareceu a candidata Vani”, contou.

A candidata a vereadora Vani Ribas, esposa do vice de Cristiano, foi detida e depois liberada pela polícia no domingo. Ontem ela depôs no fórum. Outra mulher, Jurema Ribeiro, continua presa em Rio Branco por estar comprando votos. Um homônima de Jurema, que trabalha na Assembléia Legislativa, procurou o jornal para informar que a Jurema presa é outra pessoa, já que ela vem passando por constrangimentos devido aos nomes similares.

Cristiano

O prefeito eleito, Pedro Cristiano, desdenhou na manifestação de ontem. “Foram dez mil pessoas que votaram contra mim e nem esses estavam nas ruas ontem”, disse, afirmando que os outros candidatos estão despeitados por perderem para alguém simples como ele. “Fiz um trabalho sério com o povo, por isso ganhei”, afirmou. Cristiano disse que não comprou voto nenhum. “A esposa do meu vice foi presa, mas isso é negócio dela. Não tenho nada com isso. Ela também era candidata”, completou.

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