Sob suspeita

Fruet, Ratinho, Richa, Gleisi e Ducci também receberam grana da Odebrecht

Vários políticos paranaenses do primeiro escalão aparecem na lista de recebedores de dinheiro da Odebrecht, a maior já associada a uma empreiteira do país, com mais de 200 nomes. Entre eles, o governador Beto Richa (PSDB); a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (PT); o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), e seus adversários no segundo turno da eleição municipal em 2012, o atual secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSD), e o deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci (PSB).

Nomes dos paranaenses estão em documento recolhido pela Polícia Federal.

Sete arquivos com planilhas e tabelas com nomes de políticos (e codinomes – veja o quadro) e partidos foram localizados pela Operação Lava Jato na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro. As buscas foram realizadas na 23ª fase da Lava Jato, a Acarajé, que teve como foco o casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura, que trabalharam nas campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) e ainda o executivo da Odebrecht, apontado pelos investigadores como o canal de Marcelo Odebrecht para tratar de doações eleitorais e repasses ilícitos a políticos. Nos documentos, não há indicativo de que os pagamentos sejam irregulares ou fruto de caixa 2. Após a divulgação das informações, o juiz Sérgio Moro decretou o sigilo das planilhas.

Nos arquivos obtidos pela Polícia Federal consta que no primeiro turno das eleições de 2012, Ducci teria recebido R$ 500 mil, Fruet R$ 300 mil e Ratinho R$ 250 mil. Na eleição de 2010, a empresa teria repassado R$ 160 mil a Beto. Já para Gleisi e Bernardo consta no documento R$ 1.500, mas não está especificado o ano.

Além de nomes de políticos e partidos agrupados por estados e regiões, a devassa da Polícia Federal na residência de um dos executivos-chave do esquema de propinas na empreiteira encontrou anotações manuscritas sobre repasses, acertos com empresas referentes a obras e documentos sobre “campeonatos esportivos”, que lembram outros papéis já descobertos na Lava Jato e revelaram a atuação de cartel das empreiteiras em obras na Petrobras.

Eles negam!

O PSDB do Paraná alegou que Richa não recebeu doações da Odebrecht em 2010. A assessoria de Fruet informou que o prefeito jamais recebeu dinheiro da empresa em campanha eleitoral e que ele nunca recebeu doações ilícitas. Segundo sua assessoria, o prefeito recebeu R$ 900 mil do diretório do PDT em 2012, e sobre esse dinheiro a candidatura não tinha controle. Ducci declarou que não recebeu qualquer doação da Odebrecht para sua campanha e que todas as doações têm origem declarada.

Ratinho Jr. usou o mesmo argumento: alegou que todas as doações recebidas em campanhas foram devidamente declaradas à Justiça Eleitoral e defendeu punição a quem recebeu doações ilegais. Gleisi não se manifestou até o fechamento desta edição. Gleisi afirmou que os recursos devem ser referentes a doações da Odebrecht para as campanhas eleitorais municipais de 2012, repassadas via diretório nacional do PT.