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Extinto em 97, Bamerindus está no centro de escândalo com Eduardo Cunha

Extinto em 1997, o banco Bamerindus está no centro do novo escândalo que envolve o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, preso na última quarta-feira.

Durante as buscas na casa de Diogo Ferreira assessor do senador Delcídio Amaral (PT-MS), também preso na quarta, policiais encontraram um bilhete que descreve o pagamento de R$ 45 milhões a Cunha: “Em troca de uma emenda à medida provisória número 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de R$ 45 milhões”.

A MP trata de novas opções de capitalização dos bancos. Vinte e oito emendas foram feitas ao texto – duas de autoria de Cunha. A primeira não tinha a ver com a matéria. Chamada de “jabuti”, tratava sobre o fim da obrigatoriedade do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A segunda, tratava de benefícios envolvendo bancos em liquidação. As duas foram rejeitadas.

Lucro

Assim que se descobriu que o Bamerindus iria à falência, o Banco Central (BC) dividiu o banco em duas partes – a primeira, que reunia as agências bancárias e os clientes, foi considerada a parte “boa” e vendida ao HBSC por US$ 1 bilhão. A segunda parte, a massa falida, foi considerada a parte “podre”.

A massa falida foi vendida em dezembro de 2014 ao BTG Pactual, que nomeou de Banco Sistema, por R$ 418 milhões. A intenção de André Esteves era utilizar R$ 2 bilhões em créditos tributários pra elevar a rentabilidade do BTG. Só no primeiro semestre deste ano, a negócio rendeu R$ 488 milhões. O lucro do Banco Sistema foi maior do que o do HBSC no Brasil, de R$ 31,8 milhões.

Cunha diz que é alvo de armação

Eduardo Cunha afirmou ontem ser vítima de uma “armação” e considerou que a nova denúncia contra ele pode ter sido motivada pela possibilidade de ele definir nesta semana se autoriza ou arquiva os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O peemedebista, no entanto, evitou culpar o Palácio do Planalto ou o Ministério Público.

“Eu quero reagir com bastante indignação e desmentir com veemência o que foi divulgado. Eu faço pela irritação de uma situação que me parecesse mais uma armação. Se não foi plantado isso, uma anotação manuscrita com uma pessoa que nem conheço, deveriam ter perguntado a quem detinha esse papel a sua motivação e o seu conteúdo”, disse.

O peemedebista disse ainda que provavelmente não cumprirá prazo estipulado por ele pra decidir sobre o pedido de impeachment da presidente. Ele ressaltou que se dedicaria ontem a responder denúncia em relação à medida provisória.