Fiocca nega existência de política de ‘campeãs nacionais’ no BNDES

O ex-presidente do BNDES Demian Fiocca afirmou nesta quinta-feira, 3, que não existe no banco de fomento uma política de criação das chamadas “campeãs nacionais”, grandes companhias capazes de liderarem determinados setores no comércio mundial. “Essa é uma formulação que tem sido feita fora do banco por analistas, ao avaliarem algumas operações do banco. A política do banco tem sido de aumentar o volume de operações, essa é uma política geral”, afirmou, em depoimento à CPI do BNDES na Câmara dos Deputados.

Questionado pelo deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), Fiocca negou que os critérios de concessão de crédito do BNDES tenham sido moldados com o objetivo de estimular a criação dessas “campeãs nacionais” durante o governo do ex-presidente Lula. “Houve um aprimoramento de políticas operacionais para aumentar o volume de financiamentos, mas não houve alterações caso a caso nos contratos. O BNDES vai se moldando a políticas de governo, é um órgão de Estado”, completou.

Fiocca foi presidente do BNDES de março de 2006 e maio de 2007, substituindo o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e antecedendo o atual presidente da instituição, Luciano Coutinho.

Corrupção

Fiocca disse não acreditar na possibilidade de práticas de corrupção dentro do banco de fomento. Segundo ele, não houve nenhuma tratativa inadequada com ninguém do governo no sentido de favorecer uma determinada empresa durante a sua gestão, entre março de 2006 e maio de 2007.

Em respostas a questionamentos do deputado João Gualberto (PSDB-BA) na CPI do BNDES na Câmara, Fiocca disse ter participado de reuniões com ministros do governo do ex-presidente Lula – incluindo José Dirceu – e com empresários, mas negou que esses encontros tenham tratado de questões específicas de um ou outro contrato.

“Houve reuniões com o governo porque o BNDES é um órgão de governo”, respondeu. “E como está voltado para fomentar o setor privado, não há como a instituição não receber representantes das companhias, mas são visitas de apresentação nas quais não são tratadas questões operacionais. Discussões técnicas sobre as operações ocorrem somente no trâmite normal desses processos, ‘de baixo para cima’, passando por todos os comitês e diretorias para escrutínio detalhado”, alegou.

Fiocca disse não se lembrar de ter se encontrado com algum dos empresários presos na Operação Lava Jato, mas Gualberto solicitou à CPI que requeira a agenda do economista à época de sua gestão no banco.