Em Curitiba

Manifestação quer a redução de salário de vereador de R$ 15 mil para R$ 1,5 mil

Movimento para a redução do salário dos vereadores realiza, na manhã desta terça-feira (25) primeira manifestação. O ato, que reúne cerca de 45 pessoas, aconteceu em frente à Câmara Municipal. A manifestação acontece de forma pacífica.

Inspirada na mobilização realizada no interior do Estado – que em Santo Antônio da Platina resultou na redução salarial do prefeito, do vice-prefeito e dos vereadores – a iniciativa curitibana também aposta na pressão popular para que os salários dos membros do legislativo municipal baixem.

A proposta inicial é que a remuneração dos vereadores reduza em 90% e passe dos atuais R$ 15 mil para R$ 1,5 mil. O organizador do evento, Thiago Regis, explica que o objetivo é negociar. “Vamos levar nossa proposta. A redução de 90% foi mais para causar impacto e assim podermos negociar até chegar a um bom valor”, afirmou ele, que não esperava uma adesão tão grande ao movimento.

Redes sociais

Em duas semanas, a página no Facebook do movimento “Pela Redução Salarial dos Vereadores de Curitiba” chegou a 4,6 mil integrantes e até ontem, o evento tinha 6,8 mil participantes confirmados. Além do ato, o movimento está recolhendo assinaturas pessoalmente e pela internet para a elaboração de uma proposta formal.

“Vamos ver quais são os argumentos”, diz Salamuni. Foto: Daniel Castellano.

Chance de negociação

A expectativa é de que uma comissão dos manifestantes seja recebida pelos vereadores ainda hoje. “Não há nenhuma animosidade diante desta proposta. Vamos ver quais os argumentos deles, levar em conta e também mostrar por quais razões foi fixado o subsídio dos vereadores em Curitiba”, afirma o líder da prefeitura na Câmara, Paulo Salamuni (PV). Ele destaca, porém, a responsabilidade do cargo para a capital e a atuação dos vereadores em debates importantes, como por exemplo, sobre o transporte coletivo e o plano diretor do município.

Orçamento

O vereador argumenta ainda que a redução dos salários dos vereadores não significa necessariamente uma economia para o município, já que “a constituição prevê uma que parte do orçamento seja repassada para a Câmara”. “Não significa que esse valor vai retornar para a prefeitura, mas pode ir sim para outras questões, como a própria manutenção do poder”, argumenta Salamuni.

Um dos principais argumentos dos manifestantes para a redução do salário dos vereadores é que a remuneração não condiz com o trabalho realizado por eles. “O que mais apresentam na Câmara Municipal são projetos para nomes de ruas, datas comemorativas e feriados”, observa Thiago Regis.

É a solução?

Para Salamuni, a manifestação pode ser uma oportunidade para debater que representatividade o povo espera dos vereadores. “O momento exige transparência e diálogo. Temos que discutir também qual é o papel do vereador, se o que ele está fazendo vai ao encontro dos anseios da comunidade”, avaliou. “Temos uma Câmara muito heterogênea, será que com a redução do subsídio teríamos uma representação popular?”, questionaou o vereador.

O cientista político Luiz Domingos Costa considera importante o debate sobre finanças públicas, mas acredita que redução tão drástica no salário dos vereadores pode ser nociva. “Existe risco maior de que, se o vereador ganhe menos pode ser mais vulnerável à corrupção. O problema não é o valor, mas que não exista um controle social”, avali,ou. Como controle social ele destaca a importância do acompanhamento dos gastos, inclusive, de gabinete e de funcionários comissionados na Casa.

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