Cardozo vai ao Equador, Peru e Bolívia para definir ação contra coiotes

Na primeira semana de junho o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, inicia uma périplo pelo Equador, Peru e Bolívia. O objetivo da viagem é definir uma estratégica conjunta com o Brasil para barrar a ação dos coiotes na região. Segundo dados estimados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e apresentados na reunião de quinta-feira, 21, no Planalto, os coiotes já faturaram US$ 60 milhões, com a promessa de vender facilidades a pelo menos 38 mil haitianos que já cruzaram, sem visto, as fronteiras do país, pelo Acre. O governo brasileiro quer envolver os países da região no problema, já que eles funcionam como rota para o transporte dos haitianos, mas não agem de forma a impedir o avanço do tráfico de pessoas. Paralelamente a isso, internamente, o governo brasileiro está tentando montar uma rede para desenvolver ação conjunta com estados e municípios, para amparar os estrangeiros.

A chegada desordenada de haitianos, criou tensão entre os governos federal e do Acre, assim como do Acre com São Paulo, para onde os imigrantes estavam sendo transferidos. Desde 2010 o governo petista acriano cobrava ações do Planalto, que somente agora, depois da reunião do Planalto da última quinta-feira, começou a ser desenhada. O estado afirma que, agora, espera que as medidas discutidas sejam efetivamente colocadas em prática. Caso, mais uma vez elas não se concretizem até o final do mês que vem, o governador do Acre, Tião Viana, avisou que vai restringir o abrigo concedido a haitianos para mães e crianças, não atendendo mais os homens, que deixariam de ter direito de serem acolhidos.

O governo do Acre voltou a fazer pressão em Brasília por conta dos números considerados assustadores de entrada no País, pelo Estado, nos últimos dias. Em dois dias da semana passada, quase 300 haitianos chegaram ao Brasil, número considerado despropositado e que acendeu alerta entre as autoridades brasileiras.

Nesta reunião de quinta-feira, uma série de medidas foi traçada para tentar reduzir a exploração destes migrantes pelos coiotes que, embora em sua maioria seja de haitianos, também envolve pessoas de outros países, principalmente africanos.

Para tentar coibir a entrada ilegal de haitianos no Brasil, a embaixada brasileira em Porto Príncipe, capital do Haiti, vai desenvolver uma campanha explicativa, informando aos cidadãos daquele país que eles podem obter vistos, sem se submeter a ação dos coiotes. O governo brasileiro subirá de 600 para dois mil o número de vistos mensais para haitianos interessados em viver no Brasil. Em 2010, eram emitidos cerca de 100 vistos por mês. Na campanha, o governo brasileiro vai dizer aos haitianos, que eles podem vir por meios legais, sem ter de se arriscar ou pagar valores exorbitantes aos coiotes.

O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é ligada, não respondeu à reportagem sobre o relatório divulgado na reunião de quinta-feira.