Eleições 2014

Troca de farpas entre Dilma e Marina marca segundo debate

O canal SBT, junto com outros veículos de comunicação, realizou nesta segunda-feira (1º) o segundo debate com os candidatos à presidência da República.

Participaram do debate os candidatos: Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSol), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidélix (PRTB).

Confira abaixo os principais trechos do debate:

Marina: união entre pessoas do mesmo sexo é assegurada

A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse que a união civil entre pessoas dos mesmo sexo já é contemplada pelas leis brasileiras, que asseguram todos os direitos civis a pessoas que se encontram nesta situação. “Eu sou a favor dos direitos civis de todas as pessoas, e a união civil entre pessoas do mesmo sexo já está assegurada na Justiça por uma decisão do Supremo (Tribunal Federal)”, disse a candidata, em uma rápida entrevista na porta de seu prédio, na zona sul de São Paulo.

Marina disse que o tema sofre com confusões entre o que é união estável e união civil entre casais. “A união civil assegura todos os direitos para os casais do mesmo sexo. O casamento está estabelecido entre pessoas de sexo diferentes, conforme a legislação brasileira, mas os direitos são iguais”, disse. “O que eu tenho defendido é o direito civil e a união civil de pessoas do mesmo sexo.”

Perguntada em seguida se ela é a favor da classificação de crime da discriminação contra homossexuais, Marina disse que as pessoas devem respeitar as diferenças, mas que existe uma dificuldade em definir o que é preconceito na legislação. “Ninguém pode ser a favor, em hipótese alguma, a qualquer tipo e discriminação”, disse. “Há uma tênue diferença em estabelecer o que é discriminação, preconceito, em relação ao que é convicção e opinião”, afirmou.

Marina diz que seu programa trata melhor direitos civis

A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse nesta segunda-feira, 01, que a defesa dos direitos civis dos diferentes grupos da sociedade está mais bem assegurada dentro do seu programa de governo do que no de qualquer outro adversário. De acordo com ela, que se manifestou pouco antes do início do debate entre os candidatos à Presidência da República, na TV SBT, promovido pela Folha de S. Paulo, UOL, SBT e Jovem Pan, é pelos programas de governo que a sociedade deve medir o quanto o direito das minorias está sendo resguardado e condenou o que ela chamou de “rotulação” do debate sobre o tema.

“Não queremos fugir do debate, mas promovê-lo, sem rótulos, de forma respeitosa com as opiniões diferentes”, disse, em coletiva de imprensa em frente ao seu prédio, na Zona Sul de São Paulo. “Se vocês compararem nosso programa de governo com o da Luciana Genro (candidata pelo PSOL) e dos outros candidatos vocês vão verificar que no nosso programa a defesa dos direitos civis e a proteção dos direitos individuais de quem quer que seja estão melhor assegurados do que no programa daqueles que estão fazendo muito barulho”, afirmou.

Os jornalistas insistiram em saber a posição da candidata do PSB em relação ao casamento de pessoas do mesmo sexo. “Minha posição é a mesma defendida desde 2010, a defesa do Estado laico como uma conquista de todos os brasileiros, a defesa dos direitos civis de todos os brasileiros”, disse. “Estado laico não é para defender ou impor nem a vontade dos que creem em relação aos que não creem nem dos que não creem em relação aos que creem.”

Aécio questiona Eduardo Jorge sobre recessão

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, exaltou mais uma vez a importância da passagem de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pela presidência e disse que as conquistas do País não seriam as mesmas sem o governo tucano. “Repito o que disse no último debate, não sou o FHC, la,mentavelmente. É importante que reconheçamos o caminho que percorrermos até aqui”, disse. “Se não tivesse havido estabilidade do governo FHC não teríamos muitas mudanças”, completou.

Questionado pela candidata Luciana Genro (PSOL), durante o debate do SBT, se a política em relação aos aposentados dos tucanos fazia com que eles se aproximassem do governo petista, Aécio disse que está disposto a conversar com os sindicatos para melhorar a situação dos aposentados no País. “Estamos conversando com sindicatos para garantir reajuste justo aos aposentados”

Aécio reconheceu que FHC “não acertou em tudo” e voltou a atacar a condução da política econômica da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). “Em 2016, por descontrole do governo, não haverá aumento real do salário mínimo”, disse. Segundo o tucano, além de um reajuste “mais digno” é preciso controlar a inflação para garantir o poder de compra dos aposentados.

Ao comentar a resposta, Luciana Genro disse que Aécio, Dilma e a candidata Marina Silva (PSB) não vão acabar com o fator previdenciário e “que os três privilegiam bancos e milionários”. O PSOL defende o fim do fator previdenciário. É preciso valorizar aqueles que trabalharam pelo País.

O tucano rebateu e disse que em seu eventual governo ele vai mostrar a “capacidade” de fazer o país voltar a crescer. Segundo ele, o pífio crescimento do PIB e a inflação, “mostram o absoluto descontrole na economia”.

Na sequencia, Aécio questionou o candidato do PV, Eduardo Jorge, e voltou a trazer o tema economia. Ele quis saber do candidato se o fato do Brasil entrar em recessão técnica mostrava um “fracasso” do atual governo.

Jorge disse que sim e que esse é o legado do governo petista. O candidato criticou o que chamou de “Bolsa Selic”, com juros altos para garantir lucros aos bancos.

Na réplica, Aécio disse concordar com os pontos colocados por Jorge e continuou a atacar a economia. “Crescimento baixo significa que empregos estão indo embora. O Brasil precisa de um novo ciclo de investimento, com controle de inflação”, reforçou. Jorge então ficou surpreso: “Fico surpreso que concorde com a minha bolsa Selic”, já que o governo do PSDB foi bastante generoso com bancos.

Dilma diz que promessas de Marina somam R$ 140 bi

No debate entre os presidenciáveis que está sendo realizado no SBT, a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), começou dizendo para a adversária do PSB, Marina Silva, que as promessas da ex-senadora somam R$ 140 bilhões. Dilma perguntou de onde sairia o dinheiro.

Na resposta, Marina disse que não eram promessas, mas compromissos que serão assumidos para que o Brasil volte a ter eficiência. E voltou a ser cobrada por Dilma: “A senhora falou e não respondeu de onde vem o dinheiro”. E na tréplica, Marina citou o ex-governador Eduardo Campos, vítima de acidente aéreo no dia 13 de agosto, dizendo que as pessoas não ficam preocupadas de onde vem o dinheiro, mas sim quando se diz que vai tirar recursos de áreas essenciais, como a educação. “Vamos fazer as escolhas corretas e não as escolhas erradas como agora”, reiterou Marina.

Ao dizer que pretende fazer as escolhas corretas, caso seja eleita, Marina criticou o governo petista, dizendo que há desperdício dos recursos públicos, em projetos desencontrados. “Vamos fazer com que nosso orçamento possa ser acrescido a partir da eficiência que teremos com relação aos tributos, a sociedade paga muito alto para que as escolhas sejam sempre feitas na direção errada.”

No embate, a presidente e candidata à reeleição pelo PT disse que é incrível que Marina poderia abrir mão de R$ 1 trilhão do pré-sal. E Marina retrucou: “O dinheiro do pré-sal já está assegurado e vamos usá-lo de forma eficiente.”

Depois de questionar Marina, Dilma foi indagada pelo candidato do PV, Eduardo Jorge. Nervosa, ela disse que não poderia responder à pergunta porque já tinha perguntado pra Marina, e foi informada pelo âncora Carlos Nascimento que ainda não havia sido questionada. Neste momento, Dilma reconheceu que estava nervosa.

Eduardo Jorge perguntou sobre a questão da segurança pública, criticando que muito pouco fo,i feito em doze anos de gestão petista. Dilma concordou com o candidato do PV, Eduardo Jorge, que disse que o sistema carcerário é uma “barbárie” e reclamou que os Estados não investiram tanto nesse sistema, em razão da dificuldade de instalar essas unidades. Apesar de reconhecer as dificuldades, disse que o governo do PT investiu muito na área de segurança, citando o trabalho feito na área de fronteira. Apesar da defesa de sua gestão, reconheceu que é preciso reformular o sistema carcerário e que uma parcela do Pronatec será utilizada para essa finalidade.

Aécio é questionado sobre casos de corrupção no PSDB

O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) foi questionado nesta segunda-feira por um jornalista, durante o debate do SBT, sobre os casos de corrupção envolvendo a sigla, como o cartel do metrô e o mensalão mineiro. Segundo o tucano, a “marca do PSDB é de austeridade”. “Jamais transformamos ou transformaremos eventuais envolvidos em maus feitos em heróis nacionais”, disse, em uma referência aos líderes petistas condenados no mensalão.

Segundo o tucano, é preciso permitir que a Justiça trabalhe para apurar denúncias. “Todas as denúncias devem ser investigadas; cabe à justiça investigar”, disse. “No caso do PT, houve condenação, não que tenhamos torcido por isso”, relativizou. “Eu tenho dito ao longo do tempo que vamos construir um novo ciclo de governança, com transparência, que valorize a meritocracia”, disse. Aécio voltou a dizer que é inadmissível que algumas empresas brasileiras saiam das páginas de economia para as páginas policiais.

Escolhida para comentar a questão, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar o governo de Fernando Henrique Cardoso, que tinha “o engavetador geral da República”, e destacou novamente que durante a gestão petista foram criados diversos mecanismos de combate a corrupção, citando o fortalecimento da Polícia Federal e da CGU. “Não escondemos processos; corrupção não foi varrida para baixo do tapete”, disse. Aécio então rebateu: “curiosamente nenhum dos instrumentos funcionou contra escândalos que aí estão”.

Violência

Ainda no primeiro bloco do debate, Pastor Everaldo (PSC) perguntou para o candidato do PRTB, Levy Fidelix sobre segurança pública. “Everaldo, queria primeiro responder uma questão sobre a privatização da Petrobras. A Petrobras tem monopólio sobre o petróleo brasileiro. Queria te lembrar disto. Agora sobre a segurança pública, temos que dar ao aparato policial condições mínimas de atuar”, respondeu o candidato do PRTB, defendendo a redução da maioridade penal. Ao defender a redução da maioridade penal, Fidelix disse que “aqueles que praticam a morte, o ciclo da morte, com apenas 16 anos, têm de ser punidos com a redução da maioridade penal”.

Na pergunta que fez para a candidata do PSOL, Luciana Genro, Fidelix aproveitou para criticar indiretamente a adversária do PSB, Marina Silva, dizendo que tinha candidato que andava ao lado de sonegador. E atacou dois dos principais colaboradores da ex-senadora, o fundador da Natura Guilherme Leal e a herdeira do Itaú Neca Setúbal. “Guilherme Leal e Banco Itaú estão devendo, por isso não sobra dinheiro.”

No final do primeiro bloco do debate, a candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, arrancou risos da plateia ao classificar os três adversários mais bem pontuados nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), de irmãos siameses, por apresentarem as mesmas propostas. “A política econômica unifica as candidaturas Dilma, Aécio e Marina”, frisou. E voltou a defender a auditoria da dívida interna e uma revolução na estrutura tributária.

Eduardo Jorge é questionado sobre campanha com Marina

O candidato do PV, Eduardo Jorge, foi questionado, durante o debate do SBT, sobre a diferença entre sua legenda no pleito de 2014 e no de 2010, quando a hoje candidata pelo PSB, Marina Silva, representava a legenda na disputa pelo Planalto. “2010 foi uma campanha linda, foi uma honra estar junto com a Marina”, afirmou,

Apesar de destacar a importância da campanha com Marina, Jorge destacou que algumas questões tradicionais do partido tiveram que fic,ar de fora por conta da exigência de Marina, como o aborto e a legalização das drogas. “Para viabilizar a coligação com Marina não foi possível incluir essas questões”, disse.

Marina agradeceu o respeito que foi tratada pelo então colega de legenda, mas reconheceu que quando entrou no PV, pediu uma cláusula de consciência sobre alguns temas. A candidata, no entanto, afirmou que “não sataniza ninguém que defende a legalização das drogas”, disse, citando FHC. “quero fazer um plebiscito para esses temas (drogas e aborto)”.

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