Voto Consciente

Candidatos usam nomes inusitados para concorrer

Os candidatos com nomes ou abordagens inusitadas possuem presença cativa em cada processo eleitoral e, nestas eleições, há desde quem faça referência aos caça-fantasmas e super heróis, até pessoas cuja profissão garantiu um apelido sugestivo. A quantidade de votos necessária para vagas de deputado estadual ou federal, que reúnem boa parte desses candidatos, torna quase impossível alguém ser eleito apenas por ter um nome de urna interessante, mas especialistas garantem que ser conhecido e posteriormente reconhecido garantem a elegibilidade de qualquer político.

Crente na possibilidade de ser eleito, o candidato a deputado estadual Ewerson Alves da Silva (PSC), conhecido como Clark Crente, acredita que a fé que tem em Deus e as suas propostas valem mais do que qualquer superpoder, embora seu apelido e nome de urna corram o risco de ser alvo de críticas ou risos. “Podemos ser super heróis dentro ou fora da política, basta ser guiado pelo amor ao bem, a verdade e a palavra de Deus. Aliás, Ele dá oportunidade para todos, essa geração que está no poder já teve a sua”, comenta o candidato. Um dos principais projetos de sua plataforma política é na área de educação e cidadania. “Queria incluir a disciplina de Ciências Políticas nas escolas, porque pessoas bem educadas não são governadas, elas governam”, justifica.

Outro candidato inspirado em personagens da ficção e com o mesmo apelo heróico é Amaral Gosthbusters (Caça-fantasmas). Este é o nome de urna de Gerson do Amaral (PPS). Nas eleições de 2010, ele concorreu ao mesmo cargo, de deputado estadual, e conseguiu pouco mais de três mil votos. “Foram meus eleitores que me convenceram de tentar novamente, venho com propostas inovadoras e meu nome de urna tem a ver com o meu objetivo de caçar políticos fantasmas e bons projetos que viraram fantasmas pela falta de interesse de quem está no poder”, ressalta. Dentre os projetos que ele pretende apresentar na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o candidato destaca dois: Cidade Digital, onde cada cidadão que instalar câmera para a rua terá desconto em tributos ou tarifas públicas e a Lei da Vadiagem. “Quem estiver à toa na rua e não comprovar que é estudante ou trabalhador, terá que prestar serviços comunitários ou frequentar cursos de qualificação”, argumenta.

Acreditando mais na força do rei da selva, o candidato Gerson Batista Ribeiro (PSDC) optou pelo apelido Leão Brasil para angariar votos para uma vaga como deputado estadual. Ele avisa que vai rugir com sua voz de locutor a cada irregularidade na Alep. “Tenho 505 propostas e um registrada, de mais hospitais com heliportos na cidade para agilizar o atendimento. Só que além de projetos, o meu objetivo é rugir contra tudo que está errado, pois a população tem que saber”.

Dança

Concorrendo a uma vaga para deputada federal, a candidata Priscila Rocha Banaszewski, conhecida como Pri Bailarina, também pegou carona no apelido obtido em quase 20 anos como militante política e bailarina profissional para compor o quadro de candidatos do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

“Atendi a uma convocação do próprio partido por conta da reserva de gênero (de pelo menos 30% e máximo de 70% para qualquer um dos gêneros) da Lei das Eleições, embora eu atue há mais de dez anos na defesa da mulher e do acesso às artes para promover a formação integral nas escolas”, explica.

Ela já trabalha em vários projetos sociais que levam o ballet clássico e outros tipos de dança para crianças e jovens da periferia. “Formalizar políticas públicas na área da cultura e fazer com que os agressores de mulheres dancem por meio de mecanismos mais eficientes de barrar a aproximação deles são objetivos de uma vida inteira de militância”, ress,alta. A reportagem procurou também o candidato Mestre Drácula (PEN), mas ele não foi encontrado durante o dia de ontem.

Reconhecimento

Segundo o diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Vinicius Nagem, diversos estudo comprovam que qualquer cidadão com pretensões de ocupar uma vaga no legislativo ou executivo precisa realmente ser conhecido. “A política tem dois processos de conhecimento e reconhecimento e as estatísticas apontam que dentre 10 pessoas conhecidas, em média, apenas um votará em você”, informa. Mesmo em um partido com fortes candidatos que conseguem votos para se eleger e trazer outros integrantes de legenda, o candidato precisa obter algumas dezenas de milhares de voto para uma vaga de deputado estadual.

Nagem também explica aos que só têm o nome de urna como mote para atrair o eleitor que, entre o eleitorado paranaense, a fórmula é pouco efetiva. “O voto de protesto costuma funcionar com personalidade já conhecidas, como o Tiririca, mas aqui no Paraná as bizarrices não costumam se reverter em votação suficiente para ganhar qualquer eleição”, avalia. “O Professor Galdino, por exemplo, usou uma abordagem inusitada pelas ruas da cidade, mas o fato de ser professor também ajudou, já que é uma classe bem conceituada pela sociedade”.