Procaína, a sensação contra velhice

Um novo tratamento contra o envelhecimento está se tornando uma sensação no Brasil. Embora sua aplicação com essa finalidade não seja tão recente, a procaína benzóica estabilizada ganhou força na mídia, e hoje já é utilizada principalmente pelas classes sociais mais abastadas. Além de retardar o envelhecimento, o GH3, nome comercial da procaína, promete equilíbrio nos sistemas corporais, melhora na circulação sangüínea e combate à depressão.

O geriatra e ortomolecular Eduardo Gomes e Azevedo trabalha com o GH3 há 27 anos, sendo inclusive usuário do medicamento. Ele alertou que o medicamento não faz milagres, apenas tem eficácia se utilizado num tratamento multidisciplinar. Azevedo contou que, no GH3, a procaína é somada ao metabissulfito de potássio, fosfato bissódico e ácido benzóico, diferente da procaína utilizada como anestésico. “Quando no organismo, a procaína benzóica se metaboliza, transformando-se no ácido para-amino-benzóico e no dietil-etanol-amino. Esses elementos são os que agem contra a depressão e o envelhecimento” contou.

Todavia, Azevedo fez questão em ressaltar que o GH3 não é um produto milagroso, só surtindo efeito num tratamento combinado. “Os pacientes têm uma orientação alimentar baseada no tipo sanguíneo. Há a suplementação de vitaminas e principalmente minerais. Outra recomendação é a prática de exercícios físicos, como a musculação”, explicou.

O médico disse que mais de 25 mil trabalhos científicos sobre a eficácia do medicamento já foram publicados no mundo. “Ele é utilizado desde a década de 60, inicialmente na Romênia. No Brasil mais de 100 mil pacientes já fizeram o tratamento. O primeiro brasileiro a usá-la foi o presidente Juscelino Kubitschek, seguido pelo jornalista Roberto Marinho”, contou.

Depressão

O fígado humano produz uma enzima chamada monoamina-oxidase (MAO). O acúmulo dela no cérebro é responsável pela perda da vitalidade, provoca apatia, medos, angústias, perda de libido e da auto-estima, podendo culminar com depressão e síndrome do pânico. A produção de MAO é proporcional ao estresse. Desde um congestionamento, que gera um estresse pequeno, até uma perda familiar, que vai produzir mais da enzima, tudo fica acumulado no cérebro. “O GH3 é um inibidor da MAO, evitando essas complicações. A procaína também age como inibidora do cortisol, hormônio produzido também devido ao estresse. Ele é responsável por danos nas células, conduzindo ao envelhecimento”, revelou.

Tratamento

A maioria das pessoas sentirá leves efeitos eufóricos do GH3 entre um e três dias após tomá-lo pela primeira vez. Para que o GH3 tenha efeito completo, recomenda-se a utilização de três a seis meses. O uso deve ser contínuo, com pequenas interrupções periódicas ou repetido como um ciclo, uma ou duas vezes por anos. “Importante salientar que o produto não é vendido em farmácias, só usado com acompanhamento médico”, revelou, destacando que o custo do tratamento que conta com uma equipe médica composta por cardiologista, nutricionista, psicológos e enfermeiros varia entre R$ 1 mil e R$ 6 mil num período de um a seis meses.

O produto é aplicado por injeção muscular. “A aplicação oral reduz a eficácia”, concluiu Azevedo, lembrando que os pacientes alérgicos à procaína são vetados por um teste antes do início do tratamento.

Especialista desconhece utilização

O presidente do Conselho de Ética e Defesa Profissional da Sociedade Paranaense de Anestesia, Antônio Oliva Filho, se mostrou cético a utilização da procaína contra o envelhecimento e a depressão. Ele destacou apenas conhecer e ter comprovado por publicações científicas o uso da procaína como anestésico local.

Oliva contou que a procaína foi sintetizada por Einhorn, já em 1905. Ela surgiu para substituir a cocaína, que na época era utilizada como anestésico. “A vantagem da procaína é não causar dependência como a cocaína”, revelou. O anestesista lembrou que a procaína foi utilizada até 1953 como anestésico. Sua atuação era fraca e por curto período, logo foi substituída pela lidocaína. “No período da 2.ª Guerra Mundial, ela foi utilizada como potencializador de anestésico tanto na Argentina quanto aqui no Sul do Brasil”, contou.

Oliva disse não acreditar nos benefícios da procaína. “Eu não usaria nem recomendaria a um paciente. Não posso dizer que funciona nem que não funciona. Para isso, teria que ser feito um trabalho de análise. Eu não conheço esse trabalho”, afirmou.

Oliva, porém, disse que a aplicação em doses não controladas da procaína, assim como qualquer outro anestésico (cocaína, lidocaína, bupivacaína, ropivacaína), pode provocar sérios efeitos colaterais. “Pode elevar a atividade elétrica do coração, comprometendo o ritmo cardíaco, podendo chegar a uma parada do coração. Além disso, doses grandes de anestésicos comprometem células do sistema nervoso e causam crises de convulsão”, explicou.

Oliva lembrou de um exemplo do mal uso da procaína, quando ela era usada como anestésico. “Um anestesista iria fazer uma redução de luxação no tornozelo e pediu a sua assistente a seringa com a procaína. Ela colocou uma dose maior que o indicado. Assim que ele aplicou, o paciente começou a ter uma convulsão”, contou.

Oliva lembrou que na penicilina procaínada, muitas vezes quando a pessoa faz o teste e detecta alergia, não é à penicilina e sim à procaína. (LM)

Prós e contras da procaína

– melhora a homeosteose corporal; o equilíbrio dos diversos sistemas corporais é ampliado, o que tem sido descrito como a definição de saúde propriamente dita.

– dilata e amplia suavemente as artérias sangüíneas, melhorando a circulação por todas as partes do corpo. Isso pode contar para os efeitos rejuvenescedores observados sobre a pele e o cabelo, bem como para a melhora e o funcionamento geral do organismo.

– tende a restaurar o nível normal de monoamina-oxidase (MAO). O acúmulo natural da MAO após 40 anos, aproximadamente, conduz a menos energia e às vezes à depressão. A procaína é um inibidor leve e reversível da MAO, o que significa ser extremamente seguro, já que permite a presença da MAO necessária, para o cérebro e o fígado, quando preciso.

– a procaína age como um inibidor de cortisol, evitando que o excesso desse hormônio, produzido quando há estresse, cause danos às células e conduza sintomas de envelhecimento.

– utilizada em excesso, a procaína pode causar desequilíbrio no ritmo cardíaco, podendo a levar a uma parada cardíaca.

– as doses equivocadas podem também alterar o sistema nervoso e gerar crises de convulsão.

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