Polícia investiga motivação de morte de agricultor no PA

A polícia do Pará investiga a morte, provavelmente com um tiro de espingarda no ouvido, do agricultor Obede Loyola Souza, de 31 anos, ocorrida na última quinta-feira, dia 9, no acampamento Esperança, em Pacajá, no sudeste do Estado. Casado, ele deixou mulher e três filhos pequenos. Foi morto a menos de 500 metros do local onde morava.

É a quinta morte em menos de 30 dias em área de assentamento no Pará. Quatro homens suspeitos, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), teriam sido vistos em uma picape, trafegando pelo local, dias antes do crime. O quarteto estaria a serviço de madeireiros de Pacajá. A vítima teria discutido com um dos homens, condenando a extração de madeira.

Ainda não está claro para a polícia se Souza é mais uma vítima da luta pela posse da terra ou se foi assassinado por causa de rixa com alguém da região. O corpo do lavrador estava pronto para ser sepultado em um cemitério da cidade de Pacajá, na última sexta-feira, quando apareceram no local homens da Força Nacional de Segurança que o resgataram, levando-o para necropsia no Instituto Médico Legal (IML) em Belém. Foram colhidas algumas impressões no cadáver que estão sendo avaliadas por peritos.

Enquanto a polícia mantém cautela sobre a motivação do assassinato de Souza, a CPT admite que a vítima não fazia parte de nenhum movimento social ou recebia qualquer apoio da entidade, embora faça a ressalva de que o acampamento Esperança foi construído com ajuda de lideranças do Assentamento Barrageira e da Casa Familiar Rural de Tucuruí.

Souza não queria que a retirada ilegal de madeira, principalmente de castanheiras, abundantes na região, continuasse sendo feita. Ele dizia para os representantes dos madeireiros, que a toda hora entravam e saíam da área com seus caminhões, que o trabalho deles deixava intrafegáveis as estradas de acesso ao assentamento onde as famílias residiam, prejudicando a todos.

Segundo a CPT, uma testemunha que teria visto os homens rondando o assentamento teme sofrer represália. Ela foi aconselhada a contar o que sabe à polícia de Tucuruí e deixar a cidade.

Em menos de 30 dias, cinco pessoas foram mortas em assentamentos paraenses, mas a polícia descartou conflito de terra como motivação. Em um dos casos, em Eldorado dos Carajás, a vítima, que usava o nome falso de Marcos Gomes da Silva, era homicida foragido da Justiça do Maranhão e teria brigado com moradores do assentamento.