Alvaro diz que Serra foi abandonado no Estado

Articulador da campanha presidencial de José Serra (PSDB), o senador paranaense Alvaro Dias (PSDB) lamentou o abandono da candidatura de Serra por algumas lideranças e diretórios estaduais de seu partido. “Ainda acreditamos no segundo turno, embora muitos já dêem essa eleição como definida. E entre esses muitos, existem tucanos também”, disse o senador. “Não são todos, mas há aqueles que demonstram não acreditar que dia três de outubro tem uma eleição”, revelou.

Agência Senado
Alvaro Dias: “Apenas constato a ausência de Serra”.

“Lamento porque nós temos um grande candidato, o partido tem uma grande oportunidade. Esperávamos mais organização, mais estratégia, mais planejamento e mais disposição de enfrentamento. Essa autocrítica, temos que fazer. Não estou direcionando essas palavras a ninguém, mas é uma autocrítica necessária. O partido tinha que se empenhar ao máximo em todos os estados para não perder uma oportunidade dessas”, comentou o senador. “Quando alguém pensa que esconder o candidato a presidente leva vantagem, se equivoca, pois não conquista credibilidade, respeito, com uma atitude egoísta”, acrescentou

Alvaro admitiu que um dos estados que não deu a Serra o devido espaço foi o Paraná. “É o que falam, eu não estou acompanhando, mas ouço muito que aqui o candidato não foi promovido como deveria. Quando venho ao Paraná no final de semana e assisto televisão, fico espantado com o massacre de Dilma e Lula, que ocupam todos os espaços da coligação do PT, enquanto o Serra fica totalmente ausente porque não tem sido colocado nos espaços que pertencem ao PSDB. Isso é real, estou apenas constatando. Estou vendo a ausência quase absoluta do Serra dos meios de comunicação de massa, em contraste brutal com a presença massificante da Dilma e do Lula”, disse.

Agência Câmara
Fruet: “Mantenho minha postura por convicção”.

O senador, que disputou com Beto Richa a condição de candidato do PSDB ao governo defendendo que seu nome seria o mais indicado por conta do projeto nacional do partido, alfinetou a cúpula tucana local.

“O provincianismo em vários estados levaram candidatos até do PSDB a priorizar um projeto local em detrimento de um projeto maior, que é o nacional”, cutucou o senador paranaense, um dos poucos tucanos a comandar a ofensiva contra a candidatura de Dilma em plano nacional.

Mesmo enfrentando essas dificuldades, Alvaro ainda aposta que Serra pode levar a eleição para o segundo turno. Para isso, ele conta com a repercussão das denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, que derrubaram a ministra Erenice Guerra, indicada pela candidata do PT, Dilma Rousseff.

“Creio que é possível termos um segundo turno, que seria uma nova eleição. Os últimos acontecimentos me fazem confiar. Nas últimas pesquisas, Dilma caiu 13 pontos em Brasília, que está mais próxima dos escândalos, e oito pontos em Curitiba, que tem tradição de antecipar tendências. Se essa tendência se confirmar, teremos segundo turno”, disse.

Fruet: “Tem muito candidato cínico, que é oportunista”

Dos candidatos tucanos no Paraná, o que mantém referências a Serra em toda sua campanha é o aspirante ao Senado Gustavo Fruet. Mas o deputado federal defende Beto Richa, dizendo que o ex-prefeito de Curitiba também tem dado amplo espaço ao candidato a presidente, embora no debate de segunda-feira, na RICTV, Beto tenha sido o único candidato a governador a não citar o candidato a presidente de seu partido. “Foi por conta da tensão do debate, pois onde vou com Beto ele sempre cita o Ser,ra”, minimizou. “Mas eu mantenho minha postura por convicção. Tem muito candidato cínico, que é oportunista. Na eleição passada, quando o Lula estava mal, o Requião escondeu o Lula, que hoje ele endeusa”, lembrou o tucano. “O Serra lidera em Curitiba e está caminhando para virar de novo no Paraná. Até estrategicamente é pouco inteligente não vincularmos a campanha à dele”, ponderou.