O candidato à reeleição para deputado estadual Antonio Belinati (PP) afirmou ontem ter sido vítima de tentativa de extorsão em 2007 para compra de sentença, vinda de uma pessoa que se dizia porta-voz da hoje desembargadora presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Regina Afonso Portes.
Na última terça-feira, o candidato teve seu pedido de candidatura indeferido por unanimidade pelo TRE-PR, ao ser aplicada contra ele a lei Ficha Limpa. Ao comentar ontem durante entrevistas que concedeu sobre a decisão do TRE, o candidato relembrou o caso de extorsão para questionar a participação de Regina Portes no seu julgamento desta semana.
Segundo Belinati, no dia 2 de julho de 2007 ele recebeu em seu gabinete na Assembleia Legislativa a visita de uma pessoa que disse estar a serviço da desembargadora.
Ainda, segundo relato de Belinati, esta pessoa mostrou duas sentenças, uma com parecer favorável e outra prevendo a sua condenação, ambas não assinadas, e propôs que, se o deputado pagasse R$ 300 mil, ele seria inocentado no processo.
A tentativa de extorsão teria ido além: a pessoa chegou a mencionar que, como havia outras ações tramitando contra Belinati, eles poderiam negociá-las mais tarde.
Belinati alega que logo após esse encontro ele comunicou o fato à desembargadora, sugerindo inclusive que a pessoa poderia ser identificada pelas câmeras de segurança da Assembleia.
“Imaginei que prontamente a desembargadora iria acionar, dentro da gravidade de uma extorsão, o Ministério Público, a Polícia Federal, abrir uma sindicância e, se conseguisse pegar o cidadão, prendê-lo. Lamentavelmente, estranhamente, ela nunca moveu uma palha, uma vírgula para apurar absolutamente nada”, atacou Belinati em entrevista à Rádio CBN Curitiba.
O candidato garantiu que a desembargadora tem conhecimento do caso, porque ele protocolou a denúncia no Tribunal de Justiça do Paraná. O que fez Antonio Belinati trazer esse caso à tona agora foi o questionamento do candidato sobre a participação de Regina no seu julgamento desta semana, quando seu pedido foi negado.
De acordo com o acórdão do TRE-PR, a inelegibilidade de Belinati se deve à improbidade administrativa e por possuir duas condenações em órgãos colegiados.
Além de Belinati, outros quatro candidatos a deputado já foram barrados pela lei da Ficha Limpa no Paraná. Todos podem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda faltam 70 registros de candidaturas para serem julgados pelo TRE-PR, de um total de 1.022.
Até ontem à noite, no fechamento da edição, a desembargadora presidente do TRE-PR não havia se pronunciado sobre o assunto. O TRE-PR informou apenas, por meio de sua assessoria de imprensa, que já solicitou à empresa responsável por fazer a clipagem das notícias veiculadas sobre o órgão na imprensa as entrevistas concedidas ontem por Belinati e que esse material será repassado à Regina Portes.