Eleições 2010

Presidenciáveis trocam farpas em debate

O primeiro debate entre os quatro presidenciáveis ontem à noite promovido pela TV Bandeirantes começou morno e esquentou aos poucos. A previsão era que não esquentasse uma vez que José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) enfrentavam no momento a concorrência da partida pela semifinal da Libertadores entre São Paulo e Internacional.

Mas Dilma e Serra foram elevando o tom das intervenções, acompanhados principalmente pelo veterano Plínio de Arruda Sampaio. O primeiro tema foi educação, saúde e segurança pública, considerado por Serra como peças tão essenciais para uma administração pública, como os órgãos do corpo humano. O mesmo destaque foi dado pela petista.

Ao fim do primeiro bloco,  Dilma investiu em comparações entre os legados tucano e petista e Serra respondeu: “Eu penso diferente de você. Eu acho que a gente não deve fazer campanha com os olhos no retrovisor. Eu prefiro o que está acontecendo agora e o que vem para o futuro”.

Na réplica a petista mostrou insegurança, gaguejou e emendou: “Eu acho muito confortável que a gente esqueça o passado. Mas não é prudente”. Serra passou a fazer críticas em infraestrutura, dizendo que aeroportos, estradas e portos do País estavam sucateados.

O tucano disse: “Como o Brasil vai crescer de maneira sólida se em uma área que você tinha influência, como a infraestrutura, temos esses problemas?”. A petista se defendeu com números, sobre conquistas do governo Lula como a criação de empregos.

No segundo bloco, Serra voltou a atacar. “Porque o governo federal está discriminando as Apaes?”. Dilma reagiu dizendo que o governo federal tem posição de apoio às Apaes e argumentou que “não é muito correto dizer que nós não olhamos para esta questão”.

Serra atacou. Disse que o Ministério da Educação quis proibir as Apaes de “ensinar, de dar curso” e cortou o transporte das crianças. “Não sei como você deixou que isto acontecesse. As Apaes vem sendo perseguidas”.

Marina Silva também inquiriu Dilma sobre educação, propôs que 7% do PIB nacional fosse dedicado a área e a petista reagiu dizendo que embora esta seja uma questão ética, era também “uma questão financeira e de governo”.

Quando teve a oportunidade, Dilma devolveu a estocada, questionando Marina sobre o combate ao crack. Marina disse que estava feliz por uma proposta de um de seus assessores ser apresentada pelo governo federal. “Não importa de onde venha, o importante é a ação ser feita”.

O candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, aos 80 anos, foi o que usou o tom mais agressivo. Para Dilma, ele questionou o número de assentamentos do governo Lula.

Quando a petista apresentou números, ele reagiu, dizendo que foi ele quem fez o programa de Lula para a reforma agrária e o programa não foi cumprido. Dilma disse que o governo reassentou área do tamanho da Suécia e do Paraguai.

Plínio também questionou Serra sobre a terra – chamou-o de amigo dos latifundiários. Serra respondeu: “Plìnio, você está de brincadeira comigo”. Plínio também foi autor de um momento de descontração dizendo que Serra falava tanto de saúde, que parecia um hipocondríaco. Na fase seguinte, os candidatos responderam perguntas dos jornalistas.