Moralização

Ato público pediu o afastamento da Mesa Executiva da Assembleia

Paranaenses de vários municípios (entre eles Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel, Umuarama, Paranavaí e Marechal Cândido Rondon) foram às ruas ontem pedir o afastamento da Mesa Executiva da Assembleia Legislativa depois dos escândalos de atos secretos e contratação de funcionários fantasmas que, de acordo com o Ministério Público, já representa um rombo de R$ 100 milhões desviados dos cofres públicos.

Convocado pela Ordem dos Advogados do Brasil, o ato, em Curitiba, reuniu 2,5 mil pessoas (segundo a Polícia Militar) na Boca Maldita e culminou com a apresentação de um anteprojeto de lei, assinado pela OAB e pela Associação dos Juízes Federais do Paraná que será encaminhado à Assembleia e prevê, além da divulgação de todos os atos e gastos da Casa, a realização de concurso público, a realização de uma auditoria externa de sua estrutura de funcionalismo e a fixação de mandatos para as funções de direção.

“Vemos com preocupação a situação do legislativo estadual, mas com otimismo o movimento em que a população vai à rua dar um basta na impunidade e falta de ética. É assim que veremos a pauta política passar a ser definida pela sociedade e não por aqueles que acreditam que o voto libera a corrupção”, disse o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante.

Intitulado de “O Paraná que queremos”, o movimento reuniu representantes de diversas entidades, como do movimento estudantil e sindical, mas também, de entidades que não costumam participar de manifestações populares, como a Federação das Indústrias e a Federação do Comércio.

“Estou aqui para representar a vontade dos empresários do Paraná, que querem transparência, austeridade com o dinheiro público. Querem que o dinheiro que pagam de impostos seja bem aplicado e não desviado”, disse Darci Piana, presidente da Fecomércio. “Se eles estão aqui, só tenho que dar os parabéns. O escândalo é tão grande que levou entidades que nunca se manifestam a participar desse ato. É um orgulho para a classe trabalhadora ver outras entidades virem protestar conosco”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Roni Barbosa.

O presidente na União Paranaense dos Estudantes, Paulo Moreira, também comemorou a adesão de empresas e entidades no movimento. Os estudantes iniciaram, há dois meses o movimento caça-fantasmas, com protestos na frente da Assembleia.

“Os 50 gatos pingados, que foram ironizados pelos deputados, hoje viraram milhares. As grandes mudanças não soa possíveis se não envolvermos todas as classes e entidades”, disse.

Da Assembleia, estiveram presentes os sete deputados que já se manifestaram favoravelmente ao afastamento da Mesa: Tadeu Veneri (PT), Douglas Fabrício, Marcelo Rangel, e Felipe Lucas (os três do PPS), Neivo Beraldin (PDT), Ney Leprevost (PP) e Luiz Eduardo Cheida (PMDB).

“Mais importante que o número de deputados é o que a sociedade paranaense está falando, que não admite mais essa cultura política de privilégios, desvios, jeitinho, a política do contracheque”, disse Tadeu Veneri.