Eleição

Beto diz que reserva vaga ao Senado para Osmar

Há quarenta dias longe da prefeitura de Curitiba, o ex-prefeito Beto Richa (PSDB) está dando expediente num moderno e confortável casarão na rua Olavo Bilac, em Curitiba, onde instalou-se com um grupo de assessores para preparar a sua segunda campanha ao governo do Estado.

Entre visitas a cidades do interior e articulações para montar a chapa e a aliança de partidos que o acompanharão na disputa, Beto disse a O Estado que está tudo encaminhado. “Só falta o PDT”, afirmou.

O tucano garante que continuará aguardando pelo senador Osmar Dias (PDT), para quem está reservada uma vaga para concorrer ao Senado, até o último momento, ou seja, até a data da convenção tucana que, como as demais, será feita até 30 de junho, conforme estabelece o calendário eleitoral.

“Nunca fiquei mais de duas semanas sem falar com o senador. Mesmo quando ele estava conversando com o PT, eu sempre liguei para ele. Ele é muito bemvindo na coligação e é isto que todo mundo espera que aconteça”, declarou. Para Beto, as chances de essa coligação acontecer não são pequenas. “São médias”, dimensionou o tucano.

E nesta espera, Beto está acertando os termos do acordo com o DEM, onde já considera superada a resistência do presidente estadual do partido, deputado federal Abelardo Lupion, que preferia ter o senador Osmar Dias como candidato ao governo da aliança com os tucanos. Com o DEM, a parceria é considerada tão certa que Beto convidou o ex-governador João Elísio Ferraz de Campos para ser o coordenador geral de sua campanha.

“Ele não respondeu ainda”, disse Beto que, desta vez, não deverá ter a ajuda do ex-ministro Euclides Scalco, seu anjo da guarda de campanhas anteriores. Contrafeito com a montagem da equipe de Beto em 2009, Scalco se retirou silencioso de cena. “Para mim, será um prazer se ele puder estar conosco”, desconversou Beto.

Na chapa de Beto Richa, todos os lugares ainda estão vagos. Para senador, estão colocadas as pré-candidaturas tucanas do deputado federal Gustavo Fruet e, mais recentemente do senador Flávio Arns.

“Ele cresceu nas pesquisas e o nome dele tem que ser considerado”, disse Beto. De fora, está o nome do presidente estadual do PP, Ricardo Barros. Mas nada será decidido antes que a conversa seja encerrada com o PDT.

E quanto a conversas com o PMDB, que também tem um pré-candidato ao Senado, o ex-governador Roberto Requião, Beto não demonstra entusiasmo. “Não converso com ele desde 2006”, disse Beto, em referência à época em que romperam.

Mas o prefeito admite que tem muitos aliados no partido do ex-governador. Porém, a pré-candidatura do vice-governador Orlando Pessuti ao governo freou a aproximação.

Para candidato a vice-governador, a definição depende do movimento das outras peças. O presidente estadual do PPS, Rubens Bueno, é o nome mais cogitado para a posição. Mas o ritmo de processo de decisões exasperou o PPS, que já se dispôs a lançar Bueno na disputa.

“O Rubens é um bom nome. Não posso assumir compromissos neste momento”, disse o pré-candidato tucano à espera do desfecho das conversas com o PDT. Nos bastidores, a informação é que a vaga estaria sendo reservada para o presidente estadual do PDT, Augustinho Zucchi.

“O candidato a vice-governador vai depender de todos os partidos da coligação. Mas não abro mão da última palavra. Vice para mim tem que participar das decisões, tem que estar ao meu lado”, disse.

Mas nem tudo são flores

Mas nem tudo são flores na casa da rua Olavo Bilac. Quando o assunto é o Comitê Lealdade e a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de prosseguir com o processo de apuração do uso de caixa 2 na campanha de 2008, Beto Richa se encrespa.

“Eu tinha tanta coisa para falar sobre isso. Mas não posso falar o que penso”, disse Beto que, junto com o seu sucessor, o prefeito de Curitiba, Luciano Duc,ci (PSB), estão sujeitos à cassação de mandato e de direitos políticos. Beto diz que foi vítima de “grande armação” que interessava a seus adversários. “Tem gente que tem medo de me enfrentar no voto e quer me tirar do páreo”, ataca o ex-prefeito, dizendo-se acostumado com as ameaças que rondam suas campanhas eleitorais.

Na campanha de 2008, quando concorreu à reeleição, Beto disse que chegou a ser notificado para faz exame de reconhecimento de paternidade. “Uma mulher doente foi usada para isso”, afirmou o ex-prefeito. “Toda a campanha sou vítima de armação”, afirmou. (EC)