Poucas palavras

Abib praticamente se calou em depoimento no MPE

Os ex-diretores da Assembleia Legislativa do Paraná (AL), Abib Miguel, José Ary Nassif e Cláudio Marques da Silva foram ouvidos ontem pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), que manteve o pedido de prisão dos três, assim como do servidor João Leal de Matos e de suas parentes, Jermina Maria Leal, Vanilda Leal, Priscila Matos e Iara Rosana Leal, que ainda seriam ouvidos na noite de ontem.

O ex-diretor-geral da AL, Abib Miguel, mais uma vez, pouco contribuiu para as investigações. Apesar de ficar mais de uma hora e meia com os promotores, Bibinho respondeu pouquíssimas perguntas em seu segundo depoimento ao Gaeco.

“Ele disse que cargo ocupava, e atribuiu seu patrimônio à exploração agrícola de sua fazenda, a qual disse ser muito boa e rentável, mas sobre o objeto principal do processo, nada disse. Não falou a quem era subordinado, quais suas funções na diretoria e, perguntado sobre seu relacionamento com uma a uma das pessoas já citadas no processo, manteve-se calado”, informou o procurador Leonir Batisti, coordenador do Gaeco.

A mesma estratégia de defesa foi utilizada por Nassif, que não informou sequer qual função exercia na Assembleia, ficando calado durante todo o depoimento. Por sua vez, João Leal respondeu a algumas das questões dos promotores, revelando, inclusive, que detinha os cartões bancários de funcionários da AL, com autorização dos titulares.

Ao contrário do que ocorreu com Nair Teresinha Silva e Maria José Silva, que após terem declarado que recebiam R$ 150,00 para “emprestar” seu nome para o esquema de contratações de fantasmas na AL foram liberadas, Batisti disse que não ia pedir a liberação de nenhuma das outras oito pessoas presas no último sábado.

“De nossa parte, não há a expectativa de soltá-los. Eles têm o direito de silenciar, não é por isso que manteremos as prisões. Eles estão presos porque entendemos necessário para todo o processo investigatório, que não é só a tomada de depoimento”, disse o procurador, informando que o Gaeco já avançou na análise de toda a documentação apreendida no último sábado.

Batisti disse que ainda estuda pedido de prisão preventiva ou de prorrogação da prisão temporária após o prazo de cinco dias. A assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual informou que os R$ 450 mil apreendidos com Bibinho e Cláudio Marques da Silva foram depositados em juízo.

Os advogados do ex-diretor-geral da AL, Abib Miguel, o Bibinho, entraram com pedido de habeas corpus para ter acesso ao despacho do juiz que autorizou a prisão dele e de José Ary Nassif, ex-diretor administrativo, e Claudio Marques da Silva, ex-diretor de pessoal, no sábado passado.

Por enquanto, ainda não foi protocolado o pedido de habeas corpus para a revogação da prisão provisória. Fontes ouvidas por O Estado revelaram que os ex-diretores da AL e seus advogados estão tendo suas ligações telefônicas monitoradas, desde o início das investigações.