PT de Curitiba aprova a candidatura própria ao governo

O encontro municipal do PT de Curitiba aprovou ontem, 27, uma resolução em defesa do lançamento de candidato próprio ao governo do Estado e contra a aliança com o PDT. A posição do partido em Curitiba contraria o esforço das direções estadual e nacional, que articulam o apoio do partido à pré-candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do Paraná, nas eleições de outubro.

A resolução foi aprovada em votação da qual participaram 135 delegados eleitos no Processo de Eleições Diretas (PED), realizado em outubro do ano passado. Cerca de setenta por cento dos presentes avalizaram o documento pró-candidatura própria. No momento, existem dois nomes postulando a indicação: o ex-prefeito de Londrina Nedson Micheletti e a ex-secretária estadual de Ensino Superior Lygia Pupatto.

O entendimento do grupo que propôs a rejeição à aliança com o PDT é que uma candidatura do próprio partido poderia alavancar muito mais a campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à presidência da República. Um nome do PT poderia envolver mais a militância na campanha do que o senador pedetista seria capaz, alegam.

A moção será encaminhada ao diretório estadual do partido, que se reúne no próximo dia 10 de abril, para deliberar sobre a política de alianças. Neste dia, a direção estadual espera que Osmar formalize a proposta de coligação com o PT no Paraná.

Durante a reunião de ontem, a presidente municipal do PT, Roseli Isidoro, que integra a ala favorável a aliança, avisou aos participantes do encontro que a moção não terá nenhum impacto na decisão estadual. Sequer será discutida, disse Isidoro, destacando que a discussão das estratégias eleitorais no Estado é de competência exclusiva dos membros do diretório regional do partido.

A posição do partido, em Curitiba, é só mais um dos pontos de discórdia envolvendo a construção da aliança com o pedetista no Paraná. Costurada pelo presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff, a coligação com o PDT tem como um dos entraves a exigência de Osmar em aglutinar todos os partidos da base aliada do governo federal em torno da sua candidatura ao governo. A principal dificuldade está em convencer o PMDB a aceitar esse acordo.

Além da pré-candidatura do vice-governador Orlando Pessuti ao governo, o núcleo forte do PMDB, mais próximo do governador Roberto Requião, considera a pré-candidatura de Gleisi Hoffmann ao Senado uma declaração de guerra. Requião também será candidato ao Senado.

A candidatura de Gleisi também cria entraves junto ao PDT, que vê a mudança de posição da ex-presidente estadual do PT na chapa como a chave para aproximar Requião e o PMDB da coligação. Mas, até uma contra-ordem de Brasília, Gleisi é candidata ao Senado e nada a demove desse projeto.