Tucano de Foz do Iguaçu quer barrar Sâmis da Silva

A entrada do ex-prefeito de Foz do Iguaçu Sâmis da Silva no PSDB não desagradou apenas a peemedebistas. O ex-presidente do PSDB de Foz do Iguaçu, Amauri Escudeiro, está contestando o ingresso do ex-peemedebista no partido.

Escudeiro, que também é um dos principais assessores do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), requereu ontem, 27, a íntegra da documentação sobre a filiação de Sâmis ao diretório estadual. O próximo passo vai ser a formalização do pedido de impugnação do ingresso de Sâmis.

Escudeiro está argumentando que o presidente do diretório estadual do PSDB, Valdir Rossoni, atropelou os prazos e normas previstos no estatuto do partido para a inscrição de novos filiados.

O tucano também alega que, conforme as regras estabelecidas no estatuto, o partido não pode receber a filiação de ex-ocupantes de cargos públicos que respondam a ações por improbidade administrativa.

De acordo com Escudeiro, que já requereu certidões em vários cartórios, o ex-prefeito de Foz do Iguaçu é alvo de dezoito ações judiciais. Destas, em dezesseis é acusado de improbidade administrativa.

Rossoni não teria comunicado a executiva nacional sobre a nova filiação cinco dias antes da formalização, como prevê o estatuto do partido. O presidente do diretório estadual também não submeteu a proposta de filiação aos demais membros da executiva estadual, garantiu Escudeiro. Ele disse que nem os deputados federais do partido nem o senador Alvaro Dias, que integram a executiva, foram avisados sobre o ingresso de Sâmis.

O pedido de impugnação é uma tentativa de impor um filtro à direção estadual no processo de atração de novos filiados, disse Escudeiro. “O Sâmis é um personagem antagônico ao nosso partido. Daqui a pouco, eles começam a filiar qualquer um. A pergunta que tinha de ser feita era se o Sâmis tem currículo para entrar no PSDB. Nós sabemos que ele não tem”, protestou o tucano.

Resistência

Uma das primeiras resistências à entrada de Sâmis no PSDB veio do deputado federal Alfredo Kaefer, que tem base eleitoral na região. Kaefer também reclamou que não foi informado previamente sobre a filiação do ex-peemedebista.

De acordo com Escudeiro, o desagrado é natural já que a direção estadual pode criar dificuldades para suas lideranças ao levar adversários políticos para o PSDB. “Daqui a pouco vão querer trazer o Jocelito Canto para disputar contra o Wosgrau (Pedro Wosgrau, prefeito de Ponta Grossa). Nós precisamos é disputar as eleições com qualidade”, criticou.

Escudeiro afirmou que a justificativa para as novas filiações, que seria o reforço à candidatura tucana ao governo do Estado, não convence. “Se essas pessoas quiserem apoiar o Beto Richa ou o Alvaro, que apoiem ficando nos seus partidos”, atacou. 

Para Sâmis, Escudeiro é um inimigo antigo

Roger Pereira

Sâmis da Silva disse que não iria comentar as contestações de Escudeiro por este ser um inimigo antigo e não ter mais ligação com Foz do Iguaçu. “Ele não tem nenhuma relação com Foz do Iguaçu, foi tocado daqui faz tempo. Agora ele é de Londrina, que se atenha às coisa de lá. As minhas ações não são por corrupção. Se o PSDB for seguir essa regra, tem que expulsar esse Escudeiro, que já tem até condenação”, disse.

O ex-prefeito de Foz do Iguaçu reconheceu que sua filiação foi contestada também por outras lideranças do PSDB, como o coordenador do partido na região Oeste, deputado federal Alfredo Kaefer.

“Mas eu conver,sei muito tempo com o PSDB local, só na hora de formalizar a filiação que fiz direto com o presidente Rossoni (Valdir) e o prefeito Beto Richa, pela afinidade que tenho com eles”, alegou.

Sâmis explicou que trocou de partido por sentir necessidade de mudança depois de 18 anos de PMDB e garantiu que sua filiação ao PSDB não interfere na situação de seu pai, Dobrandino da Silva, dentro do PMDB.

“Ele segue lá e continua sendo a principal liderança do partido na região de Foz do Iguaçu”, disse. “Mas se não se candidatar a deputado estadual, e o PSDB daqui quiser, abre espaço para minha candidatura”, comentou.

Dobrandino explicou que a filiação de Sâmis ao PSDB segue uma estratégia: Se o PMDB tiver candidato próprio ao governo, Dobrandino sairá candidato a deputado estadual. Caso contrário, o candidato será Sâmis, “por um partido que lhe dê condições de eleição”, explicou.