Sem consenso

Plano de demissões na Copel provoca mal-estar

Durante a escola de governo realizada na manhã de ontem, 28, o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, confirmou que a empresa está executando um processo de desligamento de funcionários, denominado Plano de Sucessão.

Os servidores, cerca de mil técnicos de nível médio e engenheiros já aposentados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), serão dispensados para dar lugar a novos servidores, selecionados em concurso público, afirmou Ghilardi.

“Nossa idéia é estabelecer alguma ordem na dinâmica das aposentadorias para que não sejamos surpreendidos por um repentino esvaziamento do quadro, principalmente em funções críticas da nossa atividade”, justificou.

Ele afirmou que o grupo visado pelo programa “é formado por servidores aposentados e que, a qualquer momento, podem se retirar da empresa”, justificou Ghilardi.

Nos bastidores, é sabido que não há consenso na direção da empresa sobre a medida. Mas o grupo de diretores partidários da medida conquistou o aval integral do governador Roberto Requião (PMDB). Antes da apresentação de Ghilardi na reunião de ontem, o governador sugeriu que o mesmo método já foi adotado na Sanepar e será realizado na Cohapar.

O governador defendeu o programa, afirmando que os servidores não teriam prejuízo, já que além da aposentadoria do INSS, receberiam o benefício complementar da Fundação Copel, com a qual contribuem.

“É uma política de sucessão absolutamente necessária em qualquer empresa pública ou privada. Eles vão descansar, saem com o salário integral e a empresa se renova”, afirmou.

Sem consenso

Os assessores jurídicos da estatal, assim como alguns diretores, opõem-se às demissões, argumentando que podem gerar uma série de ações judiciais, cujo julgamento não deverá ser favorável à Copel. Setores do governo também consideram que a decisão esbarra no direito trabalhista e que, posteriormente, o governo pode ser condenado a readmitir os funcionários e pagar os salários retroativos.

Os deputados estaduais também estão pedindo explicações sobre as medidas e aguardam respostas a pedidos de informações feitos pelos deputados Tadeu Veneri (PT) e Ney Leprevost (PP).

Ontem, o líder da bancada de oposição, Élio Rusch (DEM), disse que o governo está sendo contraditório. “Esse governo diz que se preocupa com a crise e a manutenção do emprego, mas na realidade ele não demonstra essa preocupação. Age de maneira contrária”, atacou.

Uma das críticas feitas ao plano de sucessão é que alguns servidores seriam desligados mesmo antes de ter completado o tempo de contribuição para receber o auxílio integral da Fundação Copel.

A outra ressalva é que cerca de 50% dos servidores mais qualificados da empresa seriam atingidos. Um grupo de servidores da empresa fez ontem à tarde um protesto contra os afastamentos compulsórios em frente à sede da Copel, em Curitiba. Os Sindicatos dos Engenheiros e dos Eletricitários comandaram a mobilização e pedem a revisão da decisão da direção.