Apesar das promessas de unidade, começam a aparecer as deserções na campanha do candidato do PMDB à prefeitura de Curitiba. O deputado estadual Reinhold Stephanes Junior é o primeiro a assumir publicamente que não pretende subir ao palanque de Moreira.
E fez isso indiretamente, declarando voto no prefeito Beto Richa, candidato à reeleição pelo PSDB, durante uma reunião em que atletas e profissionais da área de esporte fizeram em apoio ao tucano, anteontem à noite, no restaurante Madalosso.
Stephanes pretende anunciar o apoio oficial em agosto. O deputado peemedebista justificou sua posição dizendo que a candidatura de Moreira foi imposta pelo governador Roberto Requião (PMDB) e que se sente livre para escolher outro candidato.
“Falei do meu voto para o Beto em caráter privado. Mas não tenho problema em tornar isso público. Eu me dou bem com o Beto e o meu voto é dele”, disse Stephanes, que era um dos pré-candidatos a prefeito do PMDB e desistiu para apoiar o deputado federal Rodrigo Rocha Loures na convenção.
O deputado disse que está pronto para um novo confronto com o partido, em Curitiba. Seria o terceiro em pouco mais de um ano. Da primeira vez, quase foi expulso quando decidiu apoiar uma comissão parlamentar de inquérito proposta pela bancada de oposição para apurar gastos do governo com publicidade, desobedecendo a orientação da liderança da bancada.
Depois, o deputado foi novamente levado à comissão de ética quando fez um pronunciamento em apoio à declaração do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, como persona non grata no Paraná.
Outro deputado peemedebista, Mauro Moraes, tem sido visto com freqüência em vários eventos da campanha de Beto. Ele já foi questionado anteriormente no partido, mas sempre justificou que participa das atividades como cabo eleitoral do vereador Beto Moraes, candidato à reeleição pelo PSDB. Ontem, Moraes não respondeu ao pedido de entrevista feito por O Estado.
Sob suspeita
Um outro jantar, desta vez, na casa do candidato a prefeito pelo PTB, Fábio Camargo, também semeou a dúvida sobre a posição de outros aliados do governador em relação à candidatura de Moreira.
Chamou a atenção a presença do chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, e do deputado estadual Alexandre Curi, na casa de Camargo, onde estava sendo apresentado um dos candidatos a vereador pelo PTB, Maurício Camargo.
Iatauro e Curi negam o apoio a Camargo. Sogro do candidato petebista, Iatauro disse que foi à casa de Camargo como um membro da família e não como eleitor.
Iatauro informou, por meio da assessoria de imprensa, que seu voto está destinado ao candidato do governador. O que não impede suas visitas ao genro e à filha, assinalou.
Curi disse que Camargo é um amigo de infância e que a infidelidade partidária não é um dos seus defeitos. “Fui no jantar, mas nem eu nem o Iatauro fomos ouvir o discurso político. O meu candidato é o Moreira e quem me conhece, sabe que eu jamais iria contra a posição do Requião”, afirmou o deputado peemedebista.
Camargo disse que recebeu o “apoio moral” de Alexandre, mas acha que terá o voto de outros membros da família Curi. “O Alexandre está numa outra trincheira. Mas é de dentro da minha casa”, disse. Quanto ao sogro, Camargo disse que fica constrangido ao ser inquirido sobre o assunto.
“Se ele fosse trabalhar para alguém, acho que ficaria com o candidato do governador. Mas ele colocou um plotter (propaganda) meu no carro particular dele. Eu espero que vote em mim”, disse.