Peixe grande

Líder de facção criminosa no Paraná é preso depois de reunião com a “cúpula”

Alberto Raimundo, o “Betão”, de 31 anos, voltava da cidade de São Paulo quando foi preso por equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil. Ele é apontado como o líder no Paraná de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios e estaria retornando de uma reunião com a cúpula da organização. O suspeito foi capturado na BR-116, na região do bairro Atuba, em Curitiba, na madrugada desta sexta (29).

De acordo com a polícia, durante o deslocamento até a capital paulista, “Betão” participou da escolta de um veículo que transportava drogas. Era um Peugeot prata, sem restrições, conduzido por uma jovem de 19 anos identificada apenas como Tamires. A moça acabou sofrendo um acidente no município de Juquiti, também no Estado de São Paulo. “Ela rodou na pista e acabou hospitalizada. Tinha muita droga no carro, mas os criminosos conseguiram retirar cerca de 40 quilos. O restante acabou ficando”, explica o delegado Rodrigo Brown, titular do Cope.

Com as informações coletadas pelo Cope após a prisão de “Betão”, a Polícia Rodoviária Federal em São Paulo fez uma nova vistoria no veículo e encontrou 33 tabletes de maconha escondidos nas portas. A carga ilegal somava aproximadamente 30 quilos da droga. “Por causa disso, tanto o ´Betão´ quanto essa moça vão responder por associação para o tráfico, mas, para ele, complica mais”.

As investigações agora continuam para que a polícia identifique outras pessoas envolvidas. “Certamente em pouco tempo teremos novas prisões”.

A lástima dos bandidos

Conversas de WhatsApp obtidas pela polícia revelam a preocupação dos bandidos com a perda da droga. Em um dos áudios, um dos criminosos fala sobre o que se tornou um problema para a facção. “Eu perdi metade da caminhada. Agora eu vou tentar tirar o máximo pra chegar com o chefe e já era, mano”. Em outro trecho, a mesma pessoa planeja como pretende fazer o entorpecente recuperado render o suficiente. “Eu vou passar o preço pro cara e não vou conseguir o dinheiro pra pagar o Thiago. Eu vou ter que virar isso aqui pra ter dinheiro pra pagar o Thiago, mano”.

Outro bandido, também via mensagem de celular, contabilizou a quantia retirada do automóvel. “O total de tudo deu 46 (quilos) exato, não deu 50”.

Operação Alexandria

“Betão” foi um dos alvos da Operação Alexandria – deflagrada em dezembro de 2015 pelas polícias Civil e Militar e os departamentos de Inteligência do Paraná e de Execução Penal (Depen). Ao todo, foram expedidos cerca de 700 mandados de prisão, e quase 600 integrantes da facção criminosa acabaram capturados.

A força-tarefa contou com a participação de mais de 1,5 mil agentes, mas “Betão” não foi localizado. “Quando nós recebemos a informação de onde encontrá-lo, nos organizamos e conseguimos a prisão. Ele estava em liberdade e, do Paraná, articulava as ordens e missões da facção juntamente com os líderes em São Paulo. Então a prisão dele é, certamente, um duro golpe nessa organização criminosa”.

Peixe grande

Dono de uma extensa ficha criminal, “Betão” tem passagens por homicídio, roubo, furto, porte ilegal de arma e uso de documento falso. Ele também é suspeito de ter participado do atentado que matou o agente penitenciário Ivan Lima dos Santos, em 2013, em Quatro Barras, na Grande Curitiba.

Sobre ele ainda recai a suspeita de participação em várias explosões de caixas eletrônicos e em esquemas de roubo de cargas na região da capital.

O criminoso já tem uma condenação, cuja pena é de mais de 19 anos de prisão. Desse total, 12 anos foram cumpridos no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN). “Betão” também respondeu a processos criminais em Curit,iba, em Almirante Tamandaré e Campo Largo, na Região Metropolitana, e em Matinhos, no litoral. Preso, ele vai ser transferido para o sistema prisional, onde fica à disposição da Justiça.