Cedeu a arma

Mais um policial é investigado por homicídio ocorrido em Campina Grande do Sul

Um segundo policial militar pode ser acusado de participação na morte de Gilson da Costa Camargo, de 28 anos, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. Além do atirador – o soldado Eurico Gerson Araújo Pires, que atua no 22º Batalhão da Polícia Militar, na equipe de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) –, a suspeita é de que outro agente tenha ajudado a plantar o revólver calibre 38 que foi apresentado na delegacia como sendo da vítima. A intenção seria comprovar que os tiros foram disparados em legítima defesa.

“Nós ouvimos hoje (25) um PM que disse ter se lembrado de ver esse outro policial trazer uma mochila de mão aqui na DP para o outro, logo depois da confusão. A justificativa, no dia, foi a de que eram roupas civis para que o soldado tirasse o uniforme do futebol, porque ele veio do campo direto pra cá”, conta o delegado Messias Antônio da Rosa, responsável pelo caso. A alegação da testemunha é a de que dentro da bolsa estaria a arma plantada. “Até então não havia arma nenhuma mesmo. Foi depois da mala que o revólver apareceu”.

As identidades do segundo policial supostamente envolvido e da testemunha não foram informadas pela Polícia Civil. Inicialmente, o PM que atirou em Gilson ficou solto porque se apresentou espontaneamente e se comprometeu a colaborar. Na manhã da última quinta (21), no entanto, ele acabou preso temporariamente por 30 dias após o delegado desconfiar do relato sobre a reação da vítima a uma abordagem. Pires está agora na carceragem do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar.

O crime

Gilson foi morto a tiros, pelas costas, após uma briga durante uma partida de futebol amador na tarde do dia 17 de julho, domingo, no bairro Santa Rosa. Segundo relatos, ele foi expulso de campo e terminava de assistir a partida da arquibancada.

A versão do PM é a de que ele perseguiu a vítima em direção ao estacionamento devido a suspeita de que Gilson estivesse armado, já que andava com as mãos na cintura. No Boletim de Ocorrência, o soldado disse que recebeu essa a informação e também a de que o homem estaria ameaçando as pessoas. O que se viu depois, no entanto, é que o volume que a vítima apresentava seria por causa de uma garrafa de água.

Já as testemunhas contam que o PM, que também havia sido expulso do jogo em outro momento, deu voz de abordagem a Gilson, mas não esperou que ele se virasse ou colocasse as mãos na cabeça. Para a Polícia Civil, a vítima não esboçou reação. A investigação aguarda o resultado da perícia e os laudos da Criminalística e do Instituto Médico-Legal.

A PM também abriu um Inquérito Policial Militar para apurar o fato com o objetivo de coletar provas, documentos e identificar testemunhas que possam ajudar a elucidar o caso. A Corporação promete ser bastante rigorosa. O soldado permanece afastado das atividades até que o processo seja concluído. O prazo é de 40 dias e pode ser prorrogado por mais 20 e somente depois disso é que haverá alguma definição sobre a instauração ou não de processo administrativo.

A arma do policial, que tem cinco anos de Corporação e estava de folga no dia do crime, foi recolhida e entregue ao comando do 22º Batalhão. Se for considerado culpado, ele perde o cargo definitivamente e pode responder criminalmente à Justiça.

Outro implicado

O revólver apresentado na delegacia pertence a um comerciante de Joinville, em Santa Catarina. Na última quinta, o delegado esteve na cidade para cumprir uma carta precatória e descobrir novas informações. A arma não tem alerta de furto nem roubo. O delegado aguarda a oitiva do proprietário do revólver, que está a cargo da polícia catarinense.

Famílias destruídas

O PM estava no campo acompanhado da esposa e da filha. Ao deixar o local no carro da polícia com destino à delegacia, populares o chamaram de covarde e diziam que ele assassinou um pai de família.

Gilson também era casado e pai de um bebê de menos de um ano de idade. O delegado afirma que a vítima era uma pessoa trabalhadora, sem envolvimento com ilícitos e que não tinha antecedentes criminais.