Inquéritos

Polícia investiga 40 denúncias de tráfico de pessoas no Paraná

O Paraná tem hoje 40 inquéritos em andamento que investigam denuncias de tráfico de pessoas. O dado é do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Paraná, vinculado à Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. E o que mais chama a atenção é que, geralmente, cada caso desses envolve mais de uma vítima, especialmente em se tratando de trabalho análogo à escravidão e prostituição, chegando muitas vezes a centenas de afetados.

Também são motivações para o tráfico humano a adoção ilegal, a servidão doméstica e a remoção de órgãos. “Os alvos mais comuns são mulheres de 16 ou 18 anos de idade até 39 ou 40 anos, no geral, e de até 45 anos quando se trata do comércio de órgãos”, explica a coordenadora do órgão, Sílvia Cristina Xavier. Ela também ressalta que é normal as pessoas não perceberem que estão na condição de vítimas. “Elas acham que entre a fome e determinado emprego, o trabalho é mais importante. Preferem isso a passar necessidade ou não ter como manter os filhos. Ainda mais nesse momento de crise. E a questão da prostituição é igual, principalmente porque, no Brasil, isso não é crime”.

Em outras palavras, isso significa que o consentimento do indivíduo explorado sexualmente é irrelevante para caracterizar o delito. “Se alguém está ganhando com isso, é tráfico humano”.

Círculo vicioso

Outro dado alarmante apresentado pelo Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Estado é o de que a maior parte dos aliciadores é formada por mulheres. São ex-vítimas que já foram exploradas e, num segundo momento, passam para o outro lado. “Quase 60% dos aliciadores são mulheres, infelizmente. E o que nós percebemos é que são pessoas que já sofreram bastante, mas depois acabam colaborando com esse tipo de crime. Para romper esse ciclo, a melhor saída é denunciar”.

Combate

De olho numa esperada mudança de cenário, o Governo do Estado abriu, nesta segunda-feira (25), a ‘3ª Semana Internacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – Coração Azul’ no Paraná. São várias ações programadas até o próximo sábado (30) que buscam a conscientização da população e o reforço nas medidas de combate a esses crimes. Denúncias podem ser feitas anonimamente pelo Disk 100 ou pelo telefone 181.

“Essa campanha acontece sempre no mês de julho e é mundial. Ela serve para alertar mesmo sobre esses crimes que acontecem muito perto das pessoas, com as nossas famílias, nossos amigos. Isso existe, acontece e é muito sutil, muito velado”, completa a coordenadora.