Violência na cidade

Ao menos sete motoristas do Uber foram agredidos ou ameaçados em Curitiba

Pelo menos sete motoristas que trabalham pelo aplicativo Uber, que opera em Curitiba desde o dia 18 de março, acusam taxistas de ameaça, perseguição e, em um caso, agressão ao tentarem interromper o serviço nas ruas da capital à força. Os episódios teriam acontecido nos últimos dez dias. Quatro deles registraram boletins de ocorrência. Todos os registros foram checados e conferidos pela reportagem. Os outros três pretendem registrar nesta semana.

Segundo os sete, que preferiram não ter o nome identificado por medo, os taxistas, ao ver um passageiro embarcando ou desembarcando dos veículos, deduzem que o carro é do Uber e trancam a saída, muitas vezes, impedindo o passageiro de entrar no carro. Em alguns casos há perseguição, xingamentos e muitas ameaças. Em um deles, um taxista ameaçou incendiar o veículo parceiro do Uber. Relatos de casos de violência contra motoristas do Uber tem se proliferado desde o começo deste ano em São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, cidades em que o aplicativo já funciona há mais tempo.

Em um dos casos de Curitiba, na Avenida Bispo Dom José, três taxistas fecharam a motorista do Uber, de 53 anos. “Deixei a passageira, parei o carro e ia seguir quando um taxi me fechou. Outro taxista veio na minha porta, a abriu, e me puxou para fora pelo braço. Disse que eu não ia pegar mais ninguém. Acabei chamando a Polícia Militar, fiquei apavorada. Depois ele (taxista) acabou fechando a porta em cima do meu braço”, relatou ela.

Em outro episódio, o motorista, de 33 anos, explicou que já foi vítima de intimidação em quatro ocasiões. Uma delas na Rua Carlos de Carvalho, na região do Centro, entre o dia 16 e 24 de abril. Neste caso, ele foi perseguido, tinha três passageiras dentro do carro e precisou jogar seu automóvel em cima de uma viatura do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da PM, para que os taxistas parassem. Só com a intervenção dos policiais, os taxistas saíram.

“As passageiras ficaram aterrorizadas. Prometeram nunca mais pegar um táxi. Somos trabalhadores, e não aceitamos ser tratados como bandidos. Bandidos são quem realiza coação, agride, danifica patrimônio de terceiros, realiza perseguição”, afirmou.

De acordo com os motoristas, o Uber tem concedido apoio jurídico em todos os casos que optarem pelo processo contra os supostos agressores. A empresa se manifestou por meio de nota condenando a violência e defendendo o direito de todo cidadão trabalhar livremente. O Uber já disponibilizou um número 0800 para seus motoristas denunciarem episódios como os relatados. A central de segurança da empresa encaminha todos relatos para polícia. O número total de denúncias feitas pelos motoristas do Uber não é divulgado.

Sindicato condena ação

O presidente do Sindicato dos Taxistas de Curitiba, Abimael Madergan, afirmou que a entidade não prega a violência e ressaltou que os taxistas não partam para agressão contra qualquer pessoa. “Quem está errado são os motorista do Uber. Ninguém é contra o trabalho, mas que ele legal”.

No último dia 12 de abril, a Câmara de Vereadores aprovou o projeto que altera a Lei 13.957/2012 e reforça sanções a serviços como o do aplicativo Uber em Curitiba. Segundo a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), responsável pela fiscalização dos motoristas do Uber, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) ainda não sancionou a lei, que prevê uma multa de R$ 1,7 mil para quem transportar passageiros sem permissão. O Uber entende que a legislação municipal é inconstitucional e, como ainda não está sancionada, os motoristas podem trabalhar normalmente.

A Urbanização de Curitiba informou que os motoristas supostamente vítimas de ameaças cometidas por taxistas devem denunciar os casos no telefone 156 ou na pr&oacute,;pria sede da Urbs.

Em todos os casos, segundo a assessoria da Urbs, será aberto um procedimento para apurar se o comportamento do taxista está de acordo com a regulamentação do sistema de taxi de Curitiba.
Segurança

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que todos os casos registrados serão investigados e aconselhou a todos os colaboradores do Uber que sofreram ameaças ou foram agredidos a formalizarem boletins de ocorrência sobre os ataques.