Mães que não esquecem

Polícia ainda não desvendou a morte de Rachel Genofre

A adolescência é uma fase da vida terrível para Maria Cristina Lobo de Oliveira, pedagoga de 34 anos que mora em Vila Guaíra e trabalha num setor administrativo de uma unidade de Saúde da Prefeitura de Curitiba, no bairro Fazendinha. Toda vez que vê uma adolescente sorrindo para a vida, Maria Cristina recorda que a filha Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre estaria hoje com 16 anos se estivesse viva. Rachel, nascida no dia 8 de fevereiro de 1999, morreu de forma cruel entre 20 e 24 horas do dia 3 de novembro de 2008, após desaparecer por volta das 17h30 na saída das aulas do Instituto Estadual de Educação do Paraná, onde ela cursava o 4º ano do ensino fundamental. Ela foi vista pela última vez às 17h30 na Rua Voluntários da Pátria, nas proximidades da Praça Rui Barbosa.

A vida de Rachel foi interrompida bruscamente. “Eu recordo que no domingo antes da segunda-feira em que ela desapareceu, ela estava pulando, brincando na frente de casa. Depois nós fomos à casa da minha irmã Maria Carolina e ela chegou gritando: Tia Carol! A última imagem que eu tenho de minha filha é a de que na segunda-feira eu me levantei logo de manhã, fui até o beliche e dei um beijo nela, abracei e fui trabalhar. Ela ficava em casa com o avô, que é o meu pai”, conta Maria Cristina. Rachel não voltou para casa naquele dia. “Procurei nos hospitais, liguei para a polícia, liguei para as emissoras de TV, sai com a foto dela procurando nos pontos de ônibus, solicitei ajuda”, diz ela. E nada.

O corpo da menina foi achado sem vida no interior de uma mala às 2h30 da madrugada de quarta-feira, por dois índios assustados, que encontraram a mala entre seus pertences, embaixo de uma escada no interior do terminal. Rachel estava morta, com o corpo seminu e apresentando sinais de violência sexual. “Quem me deu a notícia foi o meu pai, Valfrido Cordeiro de Oliveira Junior, que entrou chorando no quarto”, conta Maria Cristina. Ninguém sabe como a mala foi parar na Rodoferroviária. As câmeras de vigilância interna não estavam funcionando. Os índios chamaram um fiscal da Urbs, que abriu a mala e encontrou o corpo enrolado em lençóis e sacos plásticos. O fiscal chamou a Polícia Militar, que chamou o IML.

O certo é que havia um crime, havia um corpo e havia uma polícia. Mas o crime nunca foi solucionado. “Eu tive que tomar medicamentos para passar os dias”, conta a mãe de Rachel. E a investigação era conduzida no escuro, sem que a polícia soubesse por onde começar. Foram feitos vários exames de DNA. Até o pai da menina, Michael Genofre, de quem Maria Cristina estava separada à época do crime, foi apontado por uma denúncia anônima como suspeito. “Ele ficou assustado. Nós nos encontramos na delegacia. Esta foi a penúltima vez que eu o vi. Encontrei-o uma outra vez na rua e nos cumprimentamos. Não sei se ainda mora em Curitiba”, diz a mãe de Rachel. Os exames de DNA do sangue encontrado no corpo da menina e os do pai dela e de outros suspeitos deram negativo. E o crime entrou para os anais da polícia paranaense como mais um dos inúmeros casos sem solução.

Maria Cristina tem um diagnóstico para as dificuldades encontradas pela polícia para encontrar o assassino. “Eu acho que não descobriram por erros. A polícia errou muito, de quando a mala foi encontrada, até a realização da autópsia. Trocaram o saco em que ela foi colocada por outro no qual ela foi levada para o IML. Não fizeram exames no estômago para saber onde ela fez a última refeição, se foi na escola ou em outro lugar. Não fizeram nada disso. O lugar não foi preservado. Muita gente mexeu naquela mala, misturando as digitais com as do assassino”, lamenta a mãe da garota.

Palcos de uma tragédia

Um dos hábitos de Rachel Genofre era i,r à Biblioteca Pública do Paraná. A garota gostava de ler e também apreciava escrever. Ela ganhou dois concursos de redação, feitos para leitores infantis.

No Instituto Estadual de Educação do Paraná, Rachel Genofre era considerada uma garota alegre e inteligente. A escola fez manifestações de protesto depois da morte da aluna, mas a polícia não conseguiu desvendar o grande mistério: quem foi o psicopata que matou Rachel Genofre?

Crueldade

Até hoje é um mistério como a mala foi levada para o interior da Rodoferroviária, abandonada e ninguém observou nada. Desleixo total. “Só descobriram que não havia câmeras internas por causa do crime”, lamenta a mãe da garota, Maria Cristina.

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