Batel

Policial atira em rapaz em saída de casa noturna no Batel

Gustavo Henrique Bontorin Waller, de 19 anos, foi baleado por um soldado do 13º Batalhão da Polícia Militar em uma briga na saída da casa noturna Shed, na Rua Bispo Dom José, no Batel, na madrugada deste domingo (12). Os dois teriam discutido e durante a briga houve o disparo.

O jovem foi socorrido pelo Siate e encaminhado, em estado grave, ao Hospital Cajuru. O policial, Matheus Dall’Agnol, de 20 anos, foi preso em flagrante, encaminhado ao Centro de Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac) Sul, onde foi ouvido e pela manhã foi levado para um quartel da Polícia Militar, onde fica sob custódia. A arma utilizada pelo policial, uma pistola calibre ponto 40, foi apreendida pela Polícia Civil.

A briga começou dentro da casa noturna, conforme informou o delegado Gerson Machado, que estava de plantão no Ciac-Sul. Logo no começo da madrugada, o soldado e o outro rapaz teriam se estranhado no local e houve uma discussão. “Os seguranças da casa agiram rapidamente e conseguiram contornar a situação”, explicou.

Segundo a Polícia Civil, por volta das 4h30, Gustavo saiu da casa noturna junto com um amigo. Momentos depois, o policial e o irmão dele também saíram. Gustavo teria ido tirar satisfação com Matheus, os dois discutiram de novo e houve briga. “Neste momento, não sabemos qual o motivo, houve o disparo e o rapaz ficou ferido”, disse o delegado, sem entrar em detalhes sobre o porquê da briga.

Sobre o crime, várias informações começaram a chegar e inclusive boatos de que pessoas teriam investido contra o policial para tirar a arma das mãos dele e, por isso, houve o disparo. O tenente Henryk André das Neves Silva, do 12º Batalhão, confirmou o acontecido fora da casa noturna, mas não entrou em detalhes do que motivou a briga. “Também não temos como falar o que de fato aconteceu, uma vez que todas as informações serão apuradas e investigadas”, explicou.

O policial foi preso em flagrante e levado direto ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (CIAC) Sul, no Portão e agora está sob guarda da PM. Foto: Aliocha Mauricio.

O soldado foi ouvido e autuado em flagrante por tentativa de homicídio, conforme entendimento do delegado Gerson Machado, e entregue à PM que o levou para o Batalhão de Polícia de Guarda (BPGd), em Piraquara.  Um juiz de plantão deve decidir se vai manter a prisão ou se o rapaz responde em liberdade após a comunicação do flagrante.

Apesar de ter sido preso, conforme o delegado, não se pode dizer o que acontece com o policial de imediato. “Ele foi autuado por tentativa de homicídio, pois foi entendido que o crime aconteceu assim. Mas a Justiça quem vai dar a palavra final. Se o Ministério Público (MP) entender que houve tentativa de homicídio, responderá pelo crime, mas também pode ser denunciado por lesões corporais graves”, explicou Gerson Machado.

O soldado Matheus Dall’Agnol será julgado pelo crime entendido pelo MP. Mas será responsabilizado na esfera criminal e na administrativa, podendo até ser responsabilizado na esfera civil, conforme explicou o delegado.

Em nota divulgada através da assessoria de imprensa, a diretoria da Shed Western Bar lamentou o que aconteceu ao lado de fora da casa noturna e ficou surpresa com a situação. A empresa afirmou ainda que está colaborando com a investigação da Polícia Civil. 

Armado fora de serviço: correto ou não?

O fato de o policial estar armado fora de serviço dentro de uma casa noturna gerou discussão e muitos ficaram na dúvida se ele poderia ou não estar com a arma. O delegado Gerson Machado se pronunciou dizendo ser algo perigoso o porte de arma fora de serviço, enquanto os policiais militares, atrav&eac,ute;s do tenente Henryk André das Neves Silva, dizem ser algo obrigatório para a defesa do próprio policial.

“Eu, como delegado de polícia, acredito que é preocupante o policial militar, civil ou federal entrar armado em uma casa de show para se divertir. Não é recomendado, porque é um local onde as pessoas ingerem bebida alcoólica, se exaltam e podem acabar usando a arma de forma indevida”, defendeu Gerson Machado.

O delegado disse ainda que passou orientação à diretoria da Shed e orienta aos donos de casas noturnas para que a segurança do local passe a recolher a arma dos policiais que costumam frequentar os estabelecimentos, enquanto permaneçam lá dentro.

Já para o tenente Henryk André das Neves Silva, do 12.º Batalhão, o fato de o policial andar armado fora do horário de trabalho é para, principalmente, garantir a própria segurança. “Isso porque o papel que desempenhamos é uma atividade de risco. O policial, que é preparado para agir de forma imediata, pode ser até reconhecido por bandidos e ele precisa defender a própria vida e até mesmo a vida de quem ele ama”, explicou.

De acordo com o tenente, o critério para o uso da arma utilizado pela Polícia Militar do Paraná é o mesmo adotado no âmbito nacional, de que os policiais têm a possibilidade, disponibilidade de portar a arma, sendo agentes ponderados.

Embora a lei federal 10.826, de dezembro de 2003, preveja a expressa proibição de acesso de armas de fogo em locais públicos e com aglomeração de pessoas, a conduta é definida por outros critérios. Isso porque a mesma lei, que regula o porte e o registro de arma de fogo, determina que as regras e definições para o uso da arma fora de serviço fiquem sob a responsabilidade das respectivas instituições.