Brasil-Paraguai

‘Operação Bemol’ desarticula esquema multimilionário

A Polícia Federal, em conjunto com a Receita Federal, deflagrarou a Operação Bemol, nesta quinta-feira (5), em Foz do Iguaçu, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa transnacional que, em menos de cinco anos, desenvolveu um esquema multimilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A operação envolve 230 policiais federais e 30 servidores da Receita Federal.

Estão sendo cumpridos sete mandados de prisão preventiva, 34 mandados de prisão temporária, 25 mandados de condução coercitiva e 68 mandados de busca e apreensão.

No Paraná, os mandados serão cumpridos nos municípios de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, Matelândia, Cascavel, Toledo, Altônia. Outros mandados foram expedidos para Joinville, em Santa Catarina, Soledade, no Rio Grande do Sul, e Ribeirão Preto e Monte Aprazível, ambos em São Paulo.

O grupo criminoso utilizava contas bancárias de 87 empresas, em geral fictícias, para receber valores muito altos de pessoas físicas e jurídicas, interessadas em adquirir mercadorias, drogas e cigarros provenientes do Paraguai. As empresas controladas pela organização criminosa movimentaram mais de R$ 600 milhões de origem ilícita.

Este grupo era responsável por “mascarar” recursos financeiros de origem criminosa e enviar esse mesmo dinheiro ilícito ao Paraguai. Além dessas atividades, para atender as exigências de doleiros paraguaios, a organização criminosa também era responsável por transferir parte do dinheiro para contas bancárias brasileiras controladas por eles.

A operação foi batizada de “Bemol” por possuir o mesmo propósito da Operação Sustenido, deflagrada há menos de um ano pela Polícia Federal e pela Receita Federal em Foz do Iguaçu, que desarticulou uma organização criminosa especializada na prática dos mesmos delitos investigados na Operação Bemol.

As empresas controladas pela organização criminosa movimentaram mais de R$ 600 milhões de origem ilícita. (Foto: Colaboração/Polícia Federal)

Bemol e Sustenido

A expressão Bemol é uma referência à teoria musical, visto que tanto o sustenido quanto o bemol representam uma nota intermediária entre duas outras notas musicais. O papel das organizações criminosas descortinadas pelas Operações Sustenido e Bemol era o de fazer a ligação entre traficantes de droga, “cigarreiros” e empresários brasileiros, com fornecedores desses produtos no Paraguai. Os dois grupos criminosos desarticulados representavam o elo entre criminosos brasileiros e paraguaios.

O trabalho realizado pela Polícia Federal e a Receita Federal demonstrou que o combate à lavagem de dinheiro e à evasão de divisas deve ser uma constante na tríplice fronteira. Evidentemente, a droga, o cigarro e outros ilícitos procedentes do Paraguai não vêm para o Brasil gratuitamente. Os fornecedores paraguaios enviam seus produtos ilícitos para o Brasil depois de serem pagos para isso.

As organizações criminosas desarticuladas pelas Operações Sustenido e Bemol eram responsáveis por garantir o pagamento dos fornecedores paraguaios. Neutralizando esse tipo de grupo criminoso, dificulta-se a transferência de recursos financeiros de origem não legítima para países vizinhos e, por consequência, inviabiliza-se a remessa de artigos ilícitos do Paraguai para o Brasil.

Com informações da Polícia Federal.

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Grupo era responsável por “mascarar” recursos financeiros de origem criminosa e enviar esse mesmo dinheiro ilícito ao Paraguai. (Ilustração: Polícia Federal)