Total insegurança

Moradores do bairro Portão estão apavorados com a violência

Basta conversar com algum comerciante ou morador do bairro Portão para perceber que uma das principais carências do bairro é a segurança. Cada pessoa tem pelo menos um caso de violência para contar e reclama da falta de policiamento na região.

Um dos casos mais recentes e que chocou o bairro aconteceu na semana passada, quando um jovem de 18 anos foi assassinado enquanto voltava da academia numa suposta tentativa de assalto. Era noite de terça-feira (15/10) e o rapaz caminhava pela Rua Caetano Marchesini usando fones de ouvido e não teria ouvido a abordagem dos assaltantes. Um casal se aproximou de carro e um dos ocupantes atirou, matando o jovem. Também são constantes casos de assalto a estabelecimentos comerciais e pedestres.

“Falta policiamento. Tenho comércio no Portão e nunca fui assaltado, mas os clientes contam muitas coisas que assustam. Melhorou um pouco antes da eleição, mas agora está fraco”, afirma o comerciante Marcelo de Oliveira. Ele diz ainda que mora no Fazendinha, onde os furtos também acontecem com frequência. “Deixamos o carro em frente de casa e já levaram rádio e estepe”, conta Oliveira, que tem uma casa de cereais.

Ciciro Back
Cleverson diz que não vê policiamento no Portão.

Diretor de uma gráfica na Rua João Bettega, Cleverson Andrade também reclama da falta de policiamento e sente nos negócios os reflexos da insegurança na região. “Antes morava na CIC, onde a taxa de assaltos é maior, mas via policiamento. Aqui nem isso eu vejo”, compara. Os vizinhos de comércio já foram assaltados durante o fim do expediente e, com medo de se tornar mais uma vítima, ele cercou o estabelecimento.

“Gostaria de deixar as portas abertas para meus clientes, é mais convidativo, ainda mais que temos estacionamento. Mas assim ficamos à mercê dos bandidos”, lamenta Andrade. Cansados da sensação de insegurança, alguns comerciantes decidiram por contra própria contratar uma empresa de segurança particular.

Onda de assaltos

O mesmo aconteceu com a Faculdade Bagozzi. Os assaltos constantes durante a noite, antes e depois das aulas, viraram notícia no começo do ano, mas até agora pouca coisa mudou. A própria instituição de ensino investiu em segurança particular, que acompanha os estudantes até o ponto de ônibus.

Ciciro Back
Marcelo: rádio e estepe do carro roubados na frente de casa.

O assunto também foi parar na Câmara Municipal de Curitiba, que solicitou alteração na rota da linha Fazendinha/PUC. A prefeitura atendeu. Desde a última segunda-feira (20), o ponto inicial do ônibus passou a ser em frente à faculdade, na esquina das ruas João Bortsato Gomes e João Bettega.

Os mais jovens, do ensino fundamental do Colégio Bagozzi, no começo da Rua João Bettega, também não escapam dos assaltantes. Segundo pais de alunos, ao sair da escola são obrigados a entregar celulares e tênis.

Mais de 230 detenções

O policiamento do bairro Portão e mais oito bairros vizinhos é feito pelo 13º Batalhão da Polícia Militar com viaturas, motos e policiais a pé. Um módulo móvel da PM auxilia na segurança da área. De acordo com a PM, desde o começo do ano até agora, nesta região foram apreendidas 36 armas de fogo – oito delas no Portão – e detidos 233 suspeitos de crimes ou delitos e apreendidos 31 adolescentes. A corporação ressalta que age em flagrantes de delito ou a partir de denúncias da população, pelos telefones 181 (Narcodenúncia) ,e 190 (emergências).