Favela do Papelão

Falsos policiais matam um e ferem dois no Capão Raso

Pelo que tudo indica, a família Borges voltou a agir na favela do Papelão, Capão Raso. Três pessoas foram baleadas na noite de ontem, em um campo de futebol na Rua São Judas Tadeu, próximo à favela e os principais suspeitos são os antigos moradores do local. Um garoto, de 17 anos, morreu na hora. Outros dois foram encaminhados ao Hospital do Trabalhador e são peças-chave para desvendar o crime.

De acordo com a Polícia Militar, o garoto estava envolvido com tráfico de drogas, mas familiares afirmam que ele morreu sem motivo. Segundo testemunhas, os autores do assassinato chegaram em um Palio cinza, com roupas pretas e coletes com inscrição Polícia Civil e armados de pistola. “Tinha bastante gente na praça. Algumas pessoas jogavam bola, outras conversavam. Os assassinos desceram, disseram ‘polícia, polícia’, abordaram algumas pessoas, mas foram direto nele e nos dois rapazes que estavam com ele. Sabiam quem eles queriam matar”, disse um homem que não quis se identificar.

“Testemunhas relataram que, depois que a família Borges, que comandava o tráfico na região, foi expulsa da favela, o adolescente assumiu o comando da venda de drogas. Vieram tirar satisfações e sabemos que, no mundo das drogas, a morte é a única cobrança”, disse o tenente Correia, do 13.º Batalhão da PM.

Estudante

“Não é guerra de tráfico coisa nenhuma. Ele não era traficante, era um piá honesto, trabalhava e estudava. Ele não usava drogas, nem bebia”, garantiu uma moça que conhecia o adolescente. “Os três baleados eram amigos, estavam jogando futebol na praça”. Ela comentou que o adolescente já tinha sido baleado por um dos integrantes da família Borges. “Qualquer um que estiver ali para dentro ou perto da favela está em risco. E a polícia o que faz? Depois que está morto que eles decidem aparecer”, disse.

Apesar das informações da jovem, o tenente Correia sustentou que o tráfico tirou a vida do garoto.

Borges

A família Borges, que segundo a polícia, comandava o tráfico de drogas na pequena vila, formada ao lado da Linha Verde, foi expulsa pelos próprios moradores depois de um confronto entre policiais militares do 13.º Batalhão e três rapazes em janeiro. O tiroteio foi estopim para a revolta dos moradores, que depredaram e incendiaram três residências, supostamente pertencentes à família.

Na época, a maioria se mostrou indignada com a presença da polícia e também da família Borges, suspeita de se impor na região mediante violência e assassinatos. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) divulgou, em 9 de janeiro, fotografias de Ezilda Aparecida Rodrigues, 50 anos, André Juliano Borges, 20, e Camila Francielle Borges, 33. Mãe e os dois filhos são apontados como mandantes do tráfico na favela do Papelão. Nenhum deles foi preso e informações sobre o paradeiro deles podem ser repassadas pelo telefone 0800-643-1121.