PEP II

Termina rebelião em Piraquara e agentes confirmam greve

Depois de quase 30 horas, a rebelião na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II) terminou, perto das 14h de quarta-feira (17). O acordo feito com os 59 rebelados foi de reforço das grades que separam os blocos de facções rivais; recebimento de 50 colchões, que eles mesmos tinham destruído no motim da semana passada; e o retorno das visitas, com as sacolas sendo revistadas. Os dois agentes penitenciários reféns foram liberados sem nenhum ferimento.

A rebelião, que ocorreu no bloco 3 da PEP II, teve início por volta das 7h45 de terça-feira (16), durante a entrega do café da manhã. A principal reivindicação era o afastamento da facção rival, por medo de terem as cabeças cortadas ou serem torturados dentro da unidade em futuras rebeliões.

O subcomandante-geral da PM e gerente da crise, coronel Péricles de Matos, explicou que a negociação com os presos foi feita pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e um oficial do Batalhão de Polícia de Guarda (BPGd). “Ao término do processo os dois reféns foram libertos e tivemos a preservação da integridade física dos internos, pois grupos rivais estavam se digladiando”, afirmou.

Segurança

A PM vai fazer a segurança da unidade até que fiquem prontas as alterações estruturais nas celas, que devem reduzir a possibilidade de confronto entre as facções. “Será feito pente-fino na unidade para a retirada dos objetos, como, por exemplo, celulares”.

A última rebelião na PEP II começou na tarde de sexta-feira e acabou por volta das 17h de sábado, na ala reservada para presos que não possuem ligações com facções, e dois agentes penitenciários também foram feitos reféns. Nesta rebelião, 43 presos foram transferidos, 23 para outras unidades do próprio Complexo Penitenciário de Piraquara. De acordo com a Secretaria da Justiça (Seju), a PEP II tem 1.108 vagas e atualmente possui 1.037 presos, com 149 agentes no local.

Investigação

O secretário da Segurança Pública, Leon Grupenmacher, informou que o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) vai investigar se houve participação ou facilitação por parte de agentes públicos nas rebeliões. O sistema judiciário ficará responsável por apurar o motivo de celulares terem entrado nas unidades. No início dessa semana, um agente penitenciário da PCE foi afastado da função e preso em flagrante por receber R$ 7,1 mil pela venda de celulares aos detentos.

Conforme a Seju, sempre que acontece um motim nas penitenciárias, a direção da unidade registra boletim de ocorrência, que é enviado à Justiça. Caso haja homicídio, por exemplo, os detentos responsáveis devem responder pelo novo crime. Além disso, eles perdem os benefícios, como as progressões de pena. Dentro das penitenciárias, eles também são punidos com um mês na solitária, sem receber visitas.

Greve anunciada

As 20 rebeliões que ocorreram desde dezembro do ano passado até agora no Paraná, preocupa os agentes penitenciários. Antes mesmo do término do motim na PEP II, a categoria decidiu entrar em greve daqui a uma semana e meia. Durante assembleia realizada na manhã de ontem, que reuniu cerca de 350 agentes penitenciários de todo o Paraná, eles votaram pelo início do movimento no dia 29.

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Antony Johnson, reclamou da falta de segurança nos presídios. “Por isso, infelizmente, não vimos outra opção a não ser deflagrar greve geral para que o governador invista no Sistema Penitenciário do Paraná e que tome medidas de segurança”, declarou em nota enviada à imprensa.

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