Julgamento

Acusado de esfaquear filho e sobrinha no banco dos réus hoje

Emerson Adriano da Silveira, 24 anos, e Salvador Venâncio, 40 anos, sentarão no banco dos réus, hoje, em Curitiba. O primeiro é acusado de atirar num casal de viciados em drogas, no ano passado. Uma das vítimas morreu e a outra sobreviveu. Já o segundo é acusado de esfaquear o próprio filho e uma sobrinha, em 2011. Ambos os júris começam às 13h e têm previsão de seguirem até o início da noite. O de Emerson deve ocorrer no auditório do Palácio das Araucárias e o de Salvador no Tribunal do Júri, ambos no Centro Cívico.

Segundo investigações da Delegacia de Homicídios (DH) na época, Emerson Adriano era traficante de drogas e atirou em Edina Aparecida Machado Cordeiro, 34 anos, e Emerson Pedro Cordeiro, 37, no início da madrugada de 29 de julho do ano passado. O casal estava numa praça do Capão Raso, quando uma pessoa num Corsa se aproximou. Como ambos estariam sendo ameaçados por um traficante com quem teriam deixado dívida de R$ 80, resolveram correr, um para cada lado, pensando que era o traficante dentro do veículo fazendo a cobrança. Emerson Pedro foi baleado e socorrido logo em seguida. Ficou 10 dias internado e sobreviveu. Edina só foi encontrada agredida e baleada pela manhã na Rua Roberto Senna, no Novo Mundo, passou quatro dias internada no Hospital do Trabalhador e morreu. Em depoimento, Emerson Pedro acusou Emerson Adriano do crime.

José Feldhaus, advogado do réu, acredita que faltaram investigações no caso e que é a pessoa errada que está sendo acusada do crime. Ele diz que seu cliente era trabalhador e nunca se envolveu com o tráfico de drogas. Na noite do crime, o acusado estava comemorando seu aniversário no bar pertencente a sua mãe. Como é um estabelecimento aberto ao público, um morador da vizinhança, bastante conhecido da família, entrou, comprou uma bebida e comemorou junto. Num dado momento, este rapaz, que o advogado não quis divulgar o nome, pediu o Corsa da mãe de Emerson Adriano emprestado, para comprar bebidas de uma marca que não estava disponível no bar. Nesta saída, ele teria cometido o crime.

Apesar de ser conhecido na região por ser um matador profissional e envolvido com coisas erradas, diz Feldhaus, a família emprestou o carro a ele porque, além de conhecido há anos da família, ele não oferecia risco a ninguém na festa. Ninguém imaginou que ele pudesse fazer algo errado com o carro. Este suspeito morreu assassinado em dezembro do ano passado, diz o advogado.

Ele também rebateu as investigações da DH, que afirmaram que Emerson Adriano era traficante. Para ele, o delegado fez esta acusação na época apenas com base numa denúncia feita ao telefone 181 (Narcodenúncia), sem mais apurações. Para o advogado, a vítima se confundiu ao acusar Emerson Adriano do crime. “Quem sabe se o casal estava em plena lucidez na hora. Eles são usuários de drogas. Tiveram quatro filhos, todos tomados pelo Conselho Tutelar por causa da vida torta que tinham”, alegou o advogado. O réu está preso desde outubro.

Facadas

O julgamento de Salvador deve ser carregado de emoção. Depois de passar a tarde consumindo droga e álcool, ele foi para casa, na Rua Aparecida Feliciano Caetano, na Cidade Industrial, e esfaqueou o filho e a sobrinha, com 7 e 17 anos. “Ele realmente confessa que passou a tarde bebendo e usou droga uma vez. Mas queremos esclarecer bem no júri como as coisas ocorreram. É um caso delicado, que envolve crianças. Salvador perdeu a esposa, a casa, não conseguiu mais ver o filho. Mas se recuperou dos vícios, está trabalhando. Não há explicação plausível para o que ele fez, claro. Mas é bom pai, nunca quis machucar o filho. Tanto é que ele foi para a casa do vizinho e pediu para chamar a polícia. Ficou esperando e foi preso em flagrante”, alegou a advogada Maristela Klumb, que o defende.

As duas vítimas, o filho agora com 10 anos e a sobrinha, com 20, se recuperaram das facadas. Salvador ficou um ano preso e, após a primeira audiência de instrução, ele ganhou o direito de responder em liberdade.

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